São Paulo, domingo, 11 de setembro de 1994
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PT fará programas mais didáticos

AMÉRICO MARTINS; EUMANO SILVA
ENVIADOS ESPECIAIS A ILHÉUS

O PT não conseguiu explicar a substituição do ex-ministro Rubens Ricupero para a maioria da população, segundo avaliação da própria direção do partido.
Mais de uma semana depois do episódio, os petistas ainda não conseguiram adotar um discurso que pudesse ser entendido por todos os eleitores. Segundo eles, é isso que vem impedindo uma recuperação do desempenho eleitoral de seu candidato à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva.
A partir desta semana, o partido vai tentar fazer com que seus programas eleitorais na TV sejam mais didáticos. A avaliação é de que uma parcela do eleitorado, não entende sequer o que significa a palavra "escrúpulo" - o termo mais repetido em todos os comícios e programas de TV do PT.
A intenção é tentar mostrar, através de uma linguagem simplificada, casos que eles classificam de uso da máquina federal em favor da candidatura de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Esses casos seriam ilustados. Por exemplo, o partido criticaria eventuais desvios de recursos do Fundo Social de Emergência, afirmando que isso acarretaria a morte de um determinado número de pessoas, e que isso poderia ser evitado caso o dinheiro fosse aplicado em hospitais.
O grupo encarregado de dar este tom mais didático é o mesmo que já vem controlando os programas de TV. De qualquer forma, o PT vai continuar explorando o epidódio Ricupero - até por falta de alternativas para tentar reverter o quadro eleitoral.
Eles também pretendem aproveitar as críticas ao comportamento de parte dos integrantes do governo para dar a versão petista para os problemas de cada área.
O partido utilizariam por exemplo, os bilhetes do ministro Alexis Stepanenko para contrapor a sua proposta para as áreas de transporte e de energia.
FHC também sofrerá ataques. A intenção é impedir que o adversário se apresente como uma vítima, ou sejam, como candidato atacado injustamente por todos os outros.
Alianças
Além dessas alterações na TV, a coordenação da campanha de Lula vem discutindo a formação de alianças para um possível segundo turno na eleição presidencial.
Uma novidade são os constantes sinais emitidos pelo candidato do PMDB à Presidência, Orestes Quércia. O PT vê com muitas restrições este apoio. O partido teme que as acusações contra o peemedebista prejudiquem Lula.
A prioridade continua sendo a busca do apoio do candidato do PDT, Leonel Brizola. Os petistas ainda aguardam que ele consiga resolver alguns problemas regionais do PDT, como no Paraná, onde o candidato do partido ao governo estadual, Jaime Lerner, praticamente fechou com FHC.
Outra estratégia petista é buscar apoio de vários setores da sociedade. Eles pretendem capitalizar o episódio Ricupero neste ponto. Eles querem, por exemplo, aprofundar uma suposta indignação da Igreja Católica com o ex-ministro, tido como um verdadeiro beneditino antes de declarar que não tinha escrúpulos.

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