São Paulo, domingo, 11 de setembro de 1994
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Covas só decide sobre a Caixa após eleição

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

A privatização da Nossa Caixa/Nosso Banco e/ou a sua fusão com o Banespa continua na agenda de um eventual governo Mário Covas (PSDB) em São Paulo, mas não figurará no conjunto de propostas que deverá ser divulgado nesta semana.
Há dois tipos de explicação para a não-inclusão do tema no pacote que a campanha Covas colocará na rua:
1 - Política - O comitê de campanha de Covas, à rua Curitiba, zona Sul de São Paulo, foi inundado por telegramas e faxes de protesto contra a hipótese, depois que o jornal "Gazeta Mercantil" a divulgou há dias.
2 - Técnica - O coordenador do programa de governo de Covas, Antônio Angarita, diz que "não é razoável que o Estado de São Paulo tenha dois bancos, mas daí a que se tome a decisão (de privatizar um ou fundir os dois) há um processo cuidadoso".
A proposta de privatização da Nossa Caixa ou incorporação ao Banespa foi elaborada por um dos 29 grupos temáticos que trabalham na chamada Casa do Programa, também na rua Curitiba. É o grupo que analisa as finanças do Estado.
Cada um dos grupos é coordenado por três pessoas, sendo uma delas do setor privado. "Cada GT trabalha com total liberdade", diz Angarita.
Depois dos grupos temáticos, as propostas passam para a comissão coordenadora, formada por nove pessoas, que fazem a triagem definitiva, para depois submetê-las ao candidato a governador.
Foi nessa etapa que a proposta relativa à Nossa Caixa/Nosso Banco ficou em suspenso. "Covas não está infenso a priori a nenhuma das hipóteses mas não se pode dizer agora por qual delas ele se inclina", informa Angarita.
Angarita diz que recebeu protestos a respeito tanto de "muito boa procedência" (que não especificou) como "em tom emocional e muitas vezes corporativo".
A Folha apurou que parte dos protestos surgiu do próprio PSDB, inclusive de candidatos aos Legislativos federal e estadual, temendo que tocar num tema polêmico como esse tirasse votos de Covas e também deles próprios.
Houve até sugestões para que o candidato tucano parasse de criticar o Baneser, o braço do Banespa por meio do qual são contratados funcionários para inúmeras áreas do Estado. (Clóvis Rossi)

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