São Paulo, domingo, 11 de setembro de 1994
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Celular é alvo de escuta

RICARDO FELTRIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Além de rastrear canais com antenas parabólicas, muitos paulistanos estão descobrindo uma nova e ilegal diversão na área das telecomunicações: escutar ou mesmo interferir em conversas em celulares.
Com um aparelho importado chamado "scanner", que pode ser comprado a partir de US$ 400, é possível invadir a privacidade de qualquer pessoa que esteja falando em um celular num raio de pelo menos cinco quilômetros (veja quadro nesta página).
No entanto, a identificação de quem está falando é impossível –a menos que o número do telefone seja revelado durante a conversa no celular.
Segundo especialistas em eletrônica e escuta radiofônica, como J.C., radioamador há 18 anos, dependendo do "scanner" é possível até invadir a linha e falar, interferir na conversa.
Não há nenhum tipo de controle sobre a venda desses aparelhos. As estimativas numéricas variam: existiriam de 1.000 a 2.000 "scanners" espalhados pelo Estado.
Segundo a Telesp, funcionam atualmente em São Paulo cerca de 130 mil celulares.
A empresa confirmou a possibilidade de os celulares serem alvo de escuta, mas informou que esse problema deverá terminar no ano que vem, com a digitalização do sistema de telefonia celular.
Segundo Miguel Sanchez Jr., 47, gerente da Divisão de Operação e Manutenção de Telefonia Celular da Telesp, com a digitalização toda a comunicação com celulares vai ser "codificada".
"O 'scanner' não conseguirá captar mais nada", afirmou.
Sanchez Jr. disse que ainda não há previsão de custos para a instalação do sistema. "Vamos abrir licitação para compra em 1995", disse o gerente da Telesp.
O Código Brasileiro de Telecomunicações proíbe a escuta de conversas telefônicas, a não ser que sejam autorizadas pela Justiça (no "grampeamento" de telefones de supostos traficantes de drogas ou criminosos, por exemplo). (RF)

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