São Paulo, domingo, 11 de setembro de 1994 |
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Lei vai endurecer contra crime organizado
ANA BONCHRISTIANO
A restrição das garantias clássicas do processo penal, através da admissão da testemunha anônima, realização do depoimento sem publicidade e delação premiada, está ocorrendo em diversos países como, Itália, Peru, Colômbia, Espanha e Portugal, segundo a professora de direito da USP Ada Pellegrini Grinover. "Na Itália, por exemplo, com esse endurecimento, a 'Operação Mãos Limpas' passou a ser chamada de 'Operação Algemas Fáceis"', conta Ada. Terrorismo estatal Para o professor de direito da Universidade de Buenos Aires Eugênio Zaffaroni, o crime organizado é uma armadilha criada pelo Estado. "A corrupção, por exemplo, é expressão do crime organizado, com o uso da máquina do Estado. Há também o terrorismo estatal. O Estado cria o crime organizado e, depois, para reprimi-lo, usará o pretexto de acabar com as garantias do cidadão." Segundo Zaffaroni, é necessário uma vontade política do Estado para acabar com o crime organizado e não a restrição das garantias individuais. O professor de direito da Universidade do Rio de Janeiro Juarez Tavares alerta para o perigo de que o Estado, através da justificação do combate ao crime organizado, pretende "proteger a ordem pública", ao invés de defender o indivíduo. "Nenhuma cultura de emergência, ressalvado o caso de guerra ou estado de sítio, pode justificar o debilitamento dos direitos e garantias fundamentais. O correto enfoque do crime organizado deve ser o controle democrático e não o combate a todo custo", afirma o juiz Luiz Flávio Gomes, presidente do IBCCrim. (ABo) Texto Anterior: Especialistas debatem crimes ambientais e de informática Próximo Texto: Legalização do aborto, uma triste necessidade Índice |
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