São Paulo, domingo, 11 de setembro de 1994
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Mais ou menos dólares

Os mercados internacionais foram surpreendidos na última sexta-feira por um índice de inflação em agosto nos Estados Unidos muito superior ao esperado. A taxa divulgada, que mede os preços no atacado, atingiu 0,6% no mês –a expectativa era de que ficasse próximo aos 0,2%. Houve queda na Bolsa de Valores de Nova York e ansiedade com uma iminente elevação dos juros pelo Fed, o banco central norte-americano.
Ocorre entretanto que o Fed já subiu os juros cinco vezes desde o início do ano. Cada rodada mostrou-se insuficiente para afastar os temores de inflação e para sustentar o valor internacional do dólar.
O impacto dessa mudança sobre a economia brasileira pode ser significativo. De um lado, quanto mais altas as taxas de juros no exterior, menor o estímulo para que os capitais migrem das economias centrais para os chamados mercados emergentes. Nos últimos anos, essa migração ajudou a sustentar programas de estabilização como o adotado na economia argentina (por exemplo, através da participação de capitais externos em programas de privatização).
O Brasil, que ingressa agora num regime cambial algo assemelhado, defronta-se portanto com um ambiente financeiro externo distinto.
Os juros crescentes nos EUA têm também efeitos sobre os fluxos de comércio. Sendo refreada a expansão da economia norte-americana, diminuem suas importações, ou seja, caem nossas exportações. Coloca-se assim a hipótese de um cenário em que talvez entre um pouco menos de divisas na economia brasileira, como capitais ou receita de exportações. O que afinal pode não ser ruim, dado o atual excesso de oferta de dólares no país.

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