São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 1994
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Paralisação no ABCD continua até 6ª feira

DA FOLHA ABCD, REPORTAGEM

Local e Agência Folha
A greve dos metalúrgicos do ABCD vai continuar pelo menos até sexta-feira. Isso ficou decidido em assembléia realizada ontem, às 10h30, em frente à sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo. Na sexta haverá nova assembléia. Os grevistas fizeram uma passeata de cerca de três quilômetros até o Paço Municipal de São Bernardo.
Ontem, os trabalhadores da Multibrás, de São Bernardo, que controla a Brastemp, decidiram aderir à paralisação. Agora são 67 mil os metalúrgicos parados na região, atingindo 23 empresas –números do Sindicato dos Metalúrgicos confirmado pelas empresas.
Hugo Miguel Etchenique, presidente da Brasmotor S/A, disse que o grupo pretende "seguir a lei". Para ele, a reposição dos salários fora da data-base da categoria é inflacionária e "pode prejudicar o próprio operário."
Durante a assembléia dos metalúrgicos, o presidente do sindicato, Heiguiberto Navarro, o Guiba, disse que as negociações sobre a greve estão "emperradas".
Guiba ameaçou retomar a reivindicação de reposição mensal automática da inflação. Na última sexta-feira, os trabalhadores haviam substituído a proposta por um abono salarial equivalente a 40 horas de trabalho.
O presidente nacional da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, voltou a dizer que a greve é salarial e não politica.
"Não interessa se essa greve vai estimular outras categorias a parar. O que interessa é que estamos perdendo e o Plano Real é lesivo aos interesses dos trabalhadores."
Os metalúrgicos reivindicam o pagamento da inflação acumulada de julho e agosto (11,87%) sob a forma de 40 horas de trabalho. Querem também a antecipação da data-base de abril para novembro.
Os funcionários da General Motors em São José dos Campos fizeram assembléia e também decidiram manter a greve.
A adesão é de 100% do setor produtivo, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos. De acordo com a GM, a paralisação atinge 70%.
A greve vai aumentar de até cinco para até dez meses o prazo de entrega do Corsa, segundo concessionárias da marca.
Os metalúrgicos de São Paulo preparam para hoje, às 8h, uma passeata na zona sul de São Paulo.
Na base da Força Sindical, também continua parada a Ford de Osasco, com 700 trabalhadores.
A manifestação da CUT, marcada para o dia 16 inicialmente em defesa da cidadania, educação, saúde e moradia, se transformou agora também em um ato de apoio à greve dos metalúrgicos.
Em São Paulo, será realizado manifestação a partir das 16h na praça da Sé. Os professores da rede estadual prometem realizar uma paralisação de 24 horas pela reposição das perdas.
Em reunião ontem com bancários, petroleiros, ferroviários e servidores públicos, a CUT decidiu também realizar, no dia 22, atos, manifestações e até greves por reajustes salariais.
Cerca de 200 metalúrgicos da Mendes Júnior Montagens e Serviços de Santa Luzia (MG), entraram em greve ontem.
Eles reivindicam um reajuste de 35% nos salários ou equiparação salarial com os empregados da Mendes Júnior Industrial. A empresa ofereceu 12,2% de reajuste em média. A proposta foi rejeitada em assembléia.

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