São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 1994
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Pagamento de ágio é investigado pela Receita

LILIANA LAVORATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Receita Federal está rastreando o dinheiro e cheques provenientes do pagamento do ágio dos carros populares para identificar os destinatários finais do lucro deste esquema irregular de venda.
O relatório das investigações do Serviço de Inteligência Fiscal da Receita, ao qual a Folha teve acesso, aponta o envolvimento de concessionárias e frotistas –empresas que compram carros diretamente das montadoras– no esquema.
Com a quebra de sigilo bancário de concessionárias e frotistas de todo o país, a Receita quer obter as últimas provas necessárias para incriminar os responsáveis pela cobrança do ágio. As provas serão encaminhadas à Procuradoria Geral da República, que pode oferecer denúncia à Justiça, com base na Lei do Colarinho Branco.
O relatório, já entregue ao ministro da Fazenda, Ciro Gomes, mostra que as concessionárias usam como "laranja" os frotistas –locadoras de automóveis e transportadoras, entre outras empresas, que ganham desconto por comprar em quantidade.
Em vez de serem entregues aos frotistas e registrados em nome destes, como ocorreria numa operação regular, os carros vão parar nas mãos de terceiros. É nessa fase que ocorre a falsificação de documentos e o registro dos veículos em nome de terceiros.
O passo seguinte é a venda dos veículos no comércio paralelo com a cobrança de ágio. O relatório diz que é esse é o principal meio de abastecimento das "bocas de carro" –locais de revenda não autorizados pela montadora.
A Receita identificou cerca de 300 frotistas que participam do esquema. Nos últimos três anos, essas empresas adquiriram direto das montadoras cerca de 400 mil populares.

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