São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Todos assinam documento do Cairo
HÉLIO SCHWARTSMAN
A secretária-geral da conferêncioa, Nafis Sadik, considerou a reunião um sucesso. Segundo ela, o documento aprovado "pode mudar o mundo". A médica paquistanesa conclamou os 182 países participantes a se esforçarem por implementar o programa. "Sem recursos, ele será uma promessa no papel", disse. Na última sessão plenária, os países puderam se manifestar sobre o documento. O Vaticano aceitou o consenso, o que é inédito. Nas conferências de população anteriores (Bucareste em 74 e México em 84) o estado papal não aderiu aos documentos. Mesmo assim, Roma fez reservas, principalmente ao conteúdo dos capítulos 7 e 8, que tratam de saúde reprodutiva, direitos reprodutivos e aborto. Para o Vaticano, o aborto não é aceitável em hipótese alguma e apenas métodos naturais de contracepção (abstinência sexual e tabelinha) são aceitáveis. Outros países católicos também fizeram reservas. São eles Malta, República Dominicana, El Salvador, Honduras, Guatemala, Nicarágua, Argentina, Equador e Paraguai. Suas reservas foram basicamente em torno das questões do aborto e da definição de família. O Brasil também atuou na plenária. Pediu que se corrigisse um erro de redação no documento. Pelo texto original, a população era considerada uma ameaça ao planeta. O erro foi corrigido. A Austrália lamentou que, por pressão dos EUA, os povos indígenas (no plural) tivessem seus direitos reconhecidos. O texto reconhece direitos apenas da população indígena (ou seja, de indivíduos indígenas) e não dos povos indígenas enquanto coletividades. As Filipinas, com apoio do Brasil e da Costa do Marfim, pediram que se realize uma conferência internacional sobre imigração. O tema fazia parte da agenda do Cairo. Por pressão dos EUA, Suíça, Áustria e Canadá o direito de reunificação familiar de imigrantes não foi aprovado. Com agências internacionais. O jornalista HÉLIO SCHWARTSMAN viaja a convite do Fundo de População da ONU. Texto Anterior: Japão pedirá vaga permanente no CS; Argélia liberta líderes islâmicos; Corte da Alemanha aprova eutanásia Próximo Texto: Domínio; Tempo real; Condenação; Polícia Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |