São Paulo, sábado, 17 de setembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Aflições de reta final

JANIO DE FREITAS

Aflições de reta fina

A tensão na cúpula da candidatura de Fernando Henrique Cardoso, pela incerteza de que consiga mesmo evitar a publicação de notícias envolvendo Marco Maciel com o esquema PC/Collor, tem razão de ser pelo temor de um abalo neste final de campanha, mas não por ser um problema inesperado.
O comando da campanha mobilizou-se para deter a notícia, ao confirmar que repórteres de duas publicações já tinham levantado elementos que consideram suficientes para a divulgação. O êxito inicial da ação preventiva não chegou, porém, a traduzir-se em alguma tranquilização. A efervescência contaminou outras redações e cresceu com o boato de que PC Farias confirmara, por intermediário não identificado, contribuições financeiras para a eleição de Marco Maciel em 90. Foi preciso obter que PC, por seu advogado, negasse a existência de sua declaração.
Nem assim, porém, o problema se extingiu para campanha de Fernando Henrique. PC Farias deixou registrado no seu depoimento à CPI, como os jornais transcreveram na época e hoje têm nos seus arquivos, a confissão de que o esquema dos fantasmas deu dinheiro para a campanha do então candidato pelo PFL, e hoje governador de Pernambuco, Joaquim Francisco. Marco Maciel foi candidato ao Senado na chapa de Joaquim Francisco e seu principal puxador de votos. Fizeram a campanha juntos nos mesmos palanques, nos mesmos cartazes. Não há como comprovar que um mesmo financiamento não tenha servido aos dois e ao restante da chapa.
A campanha dos dois não era ignorada por ninguém no PSDB, assim como não era a confissão de PC, quando Marco Maciel foi aceito como candidato a vice de Fernando Henrique. Só por imprevidência excessiva, que não é uma de suas fraquezas, os peessedebistas não esperariam que os fantasmas de PC fossem ressuscitados em alguma altura da atual campanha. Talvez não esperassem que fosse tão perto do fim que antevêem já como vitoriosos. E, por certo, não esperavam o suspense em que os estão deixando as informações imprecisas que falam da obtenção de cópias de cheques por repórteres, de viagens de outros repórteres a Pernambuco e do vai-e-vem sobre as divulgações.
A tensão do comando peessedebista vai durar ainda alguns dias, seja aguardando as publicações de final da semana, seja na expectativa da decisão a ser tomada em uma das redações de jornal no começo da próxima semana.

Texto Anterior: OAB envia ao STF defesa do Estatuto
Próximo Texto: Procurador estuda ação contra INSS
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.