São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 1994
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Lula afirma que BC favorece Maciel

AMÉRICO MARTINS
ENVIADO ESPECIAL A DIVINÓPOLIS (MG)

O presidenciável do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou ontem que o Banco Central pode estar tentando favorecer o candidato a vice-presidente na chapa de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), senador Marco Maciel (PFL-PE).
Lula desafiou o Banco Central a investigar o mais rápido possível as contas bancárias de Maciel para descobrir se ele recebeu ou não recursos do empresário Paulo César Farias, o PC, para a sua campanha ao Senado, em 1990.
Segundo o petista, "é no mínimo suspeito" que o BC decida quebrar o sigilo bancário do senador apenas depois de 3 de outubro.
Para Lula, "o Banco Central precisa autorizar a apuração dessa conta ontem. Ou será que eles estão tentando ganhar tempo para esconder alguma coisa?"
Na avaliação do petista, apenas a atuação imediata do BC pode resolver a questão. Afirmou que o presidente do banco, Pedro Malan, tem "obrigação" de prestar contas à sociedade e abrir as contas de Maciel o mais rápido possível.
O candidato chegou a pedir ao presidente do BC que permita que o PT indique uma pessoa para investigar as contas bancárias, caso o próprio Malan não tenha "condições de fazer isso". Segundo ele, Maciel poderia "prestar um favor" à sociedade abrindo suas contas para investigação.
Lula também criticou o depoimento do ex-ministro Rubens Ricupero à Procuradoria Geral da República. Segundo ele, ao afirmar que estava cansado e se exprimiu mal, Ricupero confirmou que não tem escrúpulos.
A 11 dias da eleição, o petista esteve em Divinópolis (a cerca de 130 km de Belo Horizonte) para fazer um comício para apenas cerca de mil pessoas em frente à estação da Rede Ferroviária Federal.
Em entrevista, voltou a dizer que o processo eleitoral está se tornando ilegítimo, pelo suposto uso da máquina estatal em favor de FHC e pelo que ele classificou de manipulação da imprensa. Apesar disso, afirmou que não responsabilizaria os meios de comunicação por uma eventual derrota.
Em Cuiabá (MT), onde fez campanha anteontem à noite, o petista encontrou sua irmã, Ledinalva, que mora na cidade.

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