São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 1994
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PT quer dobrar efetivo da PF

DA REPORTAGEM LOCAL

O programa do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a áera de segurança, apresentado ontem ao público, tem no papel central reservado à Polícia Federal sua maior novidade.
Caso Lula seja eleito, o PT pretende dobrar o efetivo dos agentes federais, hoje de 4.200 homens, em no máximo dois anos.
Além disso, o partido reserva à PF papel central no combate direto às quadrilhas organizadas, ao narcotráfico, ao desarmamento no campo e à corrupção no interior do aparelho do Estado.
Segundo o responsável pelo programa, o cientista político Paulo Sérgio Pinheiro, a Polícia Federal foi "desmantelada depois do governo Sarney e hoje vive sem nenhuma definição de políticas".
Agentes da Polícia Federal têm dado reiteradfas demonstrações de apoio à candidatura de Lula.
Adeus à retórica
Ontem, durante a apresentação do programa, no auditória do Tuquinha, zona oeste de São Paulo, Pinheiro afirmou que, pela primeira vez, o PT abandona a "retórica generosa" sobre a violência para substituí-la por uma "política pública de segurança".
Em miúdos, isso significa que, na avaliação de seus elaboradores, o programa de segurança do PT rompe com uma velha tradição da esquerda, segundo a qual a questão da violência é vista exclusivamente como decorrência da má distribuição de renda no país.
O discurso habitual do partido sobre os direitos humanos, que tem levado os setores da direita a acusar o PT de promover a defesa dos bandidos, também aparece atenuado no programa.
Apesar de prever a construção de quatro presídios federais de segurança máxima em dois anos, o programa petista não prevê gastos adicionais para a área.
O documento não explica também qual é a verba disponível hoje para o setor.
O historiador José Luiz del Roio, autor do livro "Operação Mãos Limpas", sobre o combate à máfia italiana, foi o consultor do programa para as áreas de narcotráfico e lavagem de dinheiro.
"Se o documento não for cumprido, o PT não poderá jogar a culpa em ninguém, já que ele é perfeitamente exequível", disse.

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