São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 1994
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1998 é agora

JOSIAS DE SOUZA
DIRETOR-EXECUTIVO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

"Decidida" pelas pesquisas de opinião com espantosa antecedência, a campanha presidencial de 94 ainda não ocorreu e já começa a transformar-se em passado.
Os partidos se posicionam para 98. Voltam-se para a sucessão do sucessor de Itamar Franco. Coube a Paulo Maluf, alijado da atual disputa, o primeiro movimento.
O prefeito de São Paulo elegeu Mário Covas como seu principal futuro adversário. Acha que uma vitória de Fernando Henrique tonificará as pretensões presidenciais de Covas.
A tática de Maluf, detectada com atraso pelo tucanato, passa por uma sociedade de interesses com o candidato Barros Munhoz e o esquema que o sustenta.
O raciocínio do prefeito paulista segue uma linha que respeita a lógica: se o PSDB de fato chegar ao Palácio do Planalto, Covas será, automaticamente, uma opção presidencial.
Se obtiver o direito de sentar-se na cadeira de governador, Covas ganhará um importante trampolim. Será guindado, neste caso, à condição de potencial favorito para 98.
A manobra de Maluf importa mais pelo simbolismo do que por seus efeitos práticos, ainda pendentes de comprovação.
O prefeito não conseguiu viabilizar-se como candidato à Presidência. Tampouco transferiu prestígio para Amin ou Medeiros. Não é certo que consiga ajudar Munhoz.
No início da campanha, quando Fernando Henrique ostentava pálidos 16% nas pesquisas de opinião, o comando da campanha nacional do PSDB temia que Covas fizesse corpo mole em São Paulo.
O grande receio era o de que se consolidasse no Estado a dobradinha "Luvas", uma aliança informal entre Covas e Lula.
Ignorando as candidaturas oficiais, petistas e tucanos estimulariam os eleitores a votarem em Covas para governador e em Lula para presidente.
Agora, é Covas quem precisa de Fernando Henrique, bem-posto nas pesquisas. O candidato emite os primeiros sinais de desespero –da pregação em favor do voto útil à discreta coleção de denúncias contra os adversários.
A simples possibilidade de derrota em São Paulo levou grande preocupação à assessoria de Fernando Henrique. O candidato considera essencial instalar um aliado no principal celeiro do PSDB.
Os auxiliares de Fernando Henrique alfinetam Covas. Dizem que o candidato perde espaço para os adversários justamente porque no início de sua campanha recusou-se a associar sua imagem à de Fernando Henrique.

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