São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 1994
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Movimento de mães cobra mais investigações

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

"Nunca imaginei procurar minha filha de 9 anos numa casa de prostituição". A frase é de Valéria Peradelles, mãe de Kelly, 9, desaparecida em março do ano passado em Guadalupe (zona norte).
Valéria foi uma das mães que peregrinaram por pontos de prostituição no Rio em busca das garotas. Retratos das meninas foram distribuídos na esperança de obter alguma informação.
A busca das mães deve continuar. Elas criaram o movimento "Mães do Rio", para tentar procurar as filhas e cobrar mais investigações policiais.
As "Mães do Rio" fazem manifestações toda segunda-feira na Cinelândia (centro).
A idéia surgiu depois de um contato com as "Mães da Praça de Mayo", que se reúnem toda semana em Buenos Aires para lembrar os filhos desaparecidos durante o regime militar na Argentina.
Uma bonequinha de pano deixada por Vanessa Porfírio virou símbolo do movimento. A menina desapareceu em junho passado, na rua do Riachuelo (centro).
As mães já enviaram um dossiê sobre o caso das meninas desaparecidas ao Ministério Público, pedindo ajuda nas investigações.
"Não encontram nossas filhas porque somos pobres. A polícia não liga e ainda vem perguntar se a gente não tem nada com traficantes", reclama a mãe de Vanessa, Sueli Porfírio.
"Tenho certeza de que minha filha está viva. Meu coração me diz", afirma Ana Rita Apolinário, 42, mãe de Maria, 10, que desapareceu em março deste ano em Campo Grande (zona norte).
Ana Rita diz acreditar na hipótese da prostituição infantil. Conta que recebeu telefonemas avisando que a filha estaria trabalhando como prostituta na Amazônia.
Mesmo assim, promete não desistir. "Não me importo como ela está vivendo agora. É minha filha. Não posso perder a esperança de encontrar Maria", diz.
(FE)

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