São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 1994
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Mudanças na F-1 têm contorno radical

ANDRÉ JUNG
ESPECIAL PARA A FOLHA

Nesses últimos dias tivemos mais um lance da luta desesperada da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) em gerar notícia e preservar algum suspense nessa malfadada temporada de Fórmula 1, que felizmente terminou com a absolvição da equipe Benetton e seu piloto Michael Schumacher.
Explico: Felizmente porque a FIA não cometeu a suprema injustiça de premiar um piloto inócuo como Damon Hill (me faz lembrar o belga Thierry Boutsen também com passagem na Williams) em detrimento de um verdadeiro campeão como Schumacher, o único fuoriclasse no momento.
Alguns haverão de discordar, mas na velha discussão entre o legal e o legítimo não tenho dúvidas, fico com o segundo. Não que eu aprove os expedientes de Flavio Briatore, para quem "raposa" vem a ser eufemismo, mas se alguém merece o título esse alguém é o alemão.
A temporada vai chegando ao fim e mais uma vez nos deparamos com o troca-troca de equipe pelos principais pilotos.
Nesse ano, com a ausência de Ayrton Senna, protagonista dos últimos anos, Schumacher, alçado agora à maior estrela, percebeu a confortável situação em que se encontrava para obter um substancial aumento nos seus vencimentos, uma vez que o desempenho de Lehto e Verstappen o credencia como o verdadeiro responsável pelas conquistas da Benetton (vide o recente GP de Monza).
Sua pressão por aumento suscitou alguma especulação, mas o alemão conseguiu o que queria e permanece na equipe até 95.
Com Schumacher a posto nos resta aguardar o destino dos jovens aspirantes ao cargo de "candidatos" para usar um termo up to date às vitórias e ao campeonato:
Rubinho, pressionado por um ensandecido Irvine, mostrou não só sua reconhecida velocidade, premiada com a primeira pole de sua carreira (o mais jovem poleman da história da categoria) como também uma grande capacidade para gerenciar as corridas, devendo passar à equipe McLaren.
Frentzen, outro grande nome do campeonato, certamente permanecerá nos domínios da Mercedes, que, mesmo com as trapalhadas de Peter Sauber, dificilmente deixará de trabalhar com o suíço.
Christian Fittipaldi, em posição de espera, tem duas interessantes opções: A Jordan, motorizada com o eficientíssimo Ford Zetec-R, contando com uma "mãozinha" da Marlboro, ou mesmo a Tyrrel, apoiada por uma Yamaha cada vez mais interessada na indústria automobilística.
Com isso, a troca de geração na Fórmula 1 toma um contorno radical e pilotos como Michele Alboreto e Martin Brundle devem deixar a categoria assim que a temporada chegue ao final.
Por outro lado, Olivier Panis, que disputa com Frentzen o título de estreante do ano, tem boa chance de passar à Benetton, que nas três próximas temporadas terá o motor Renault, o mesmo que ocupa sua Ligier este ano (comprada recentemente por Flavio Briatore, dono da Benetton).
O escocês David Coulthard, que por ao menos três vezes cedeu o passo a Hill por ordem da equipe, deve continuar sob a guarda de Frank Williams, mesmo emprestado a outro time, com Hill e Mansell formando a dupla da Williams/Renault no próximo ano.
Desse jeito, em 95 o "velho" Nigel vai ter muito trabalho para andar com esses kids.

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