São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 1994
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Lumet erra receita de 'A Testemunha'

Diretor refaz drama do choque cultural

RICARDO CALIL
DA REDAÇÃO

Filme: Uma Estranha Entre Nós
Diretor: Sidney Lumet
Produção: EUA, 1992
Elenco: Melanie Griffith, Eric Thal
Onde: Arouche B e Belas Artes/sala Oscar Niemeyer

"Uma Estranha Entre Nós", de Sidney Lumet, segue, com poucas novidades, a fórmula que consagrou "A Testemunha" (1985), de Peter Weir. A saber: crime obriga policial a se infiltrar em comunidade religiosa; policial se apaixona por membro da comunidade.
Saem de cena os "amish", puritanos, entram os judeus "hasidim". Muda o sexo do protagonista –Melanie Griffith toma o lugar de Harrison Ford. A atriz interpreta a policial que se mistura aos "hasidim" para desvendar o assassinato de um de seus membros. Durante as investigações, se envolve com Ariel (o estreante Eric Thal).
Nessa delicada mistura de suspense e romance, o filme perde em qualquer ingrediente para "A Testemunha". O que demonstra a decadência de Lumet ("Rede de Intrigas") e Melanie ("Dublê de Corpo"). O diretor faz da convenção seu principal recurso narrativo. E a atriz parece pouco à vontade ao enunciar clichês como: "Todo homem honesto tem um criminoso dentro de si".
Honestidade não está entre os problemas do filme, que aponta para a impossibilidade de integração entre um mundo arcaico e outro moderno. Entre os méritos, sobra a competente descrição dos costumes dos judeus ortodoxos. Não chega a ser um grande mérito para um filme em que roteirista, diretor e produtor são judeus.

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