São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 1994
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Artistas e técnicos pedem apoio estatal

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Nos anos 60, a frente do Cine-Líder, na rua Álvaro Ramos (em Botafogo, zona sul) era ponto de encontro de jovens cineastas que esperavam a revelação dos filmes.
Num barzinho com mesinhas na calçada, eles discutiam como criar uma estética brasileira no cinema "com uma câmera na mão e uma idéia na cabeça".
"Na frente do Líder nasceram as discussões que trouxeram o Cinema Novo", relembra Maurice Capovilla, 58.
Ele conta que uma funcionária do Líder, a montadora de filmes Maria Ribeiro, acabou sendo escolhida para viver a Maria de "Vidas Secas", adaptação do romance de Graciliano Ramos que o diretor Nelson Pereira dos Santos filmou em 1963.
O fotógrafo Mário Carneiro, 74, conta que nos primeiros anos do Cinema Novo foi difícil convencer os técnicos do laboratório nas mudanças de luz e foco.
"Começamos trocando desaforos e acabamos fazendo uma aliança", lembra. "O Líder marcou uma geração, e é absurdo que possa fechar."
Produtor de 65 filmes, todos realizados no Cine-Líder, Luís Carlos Barreto considera "uma catástrofe" a crise que ameaça encerrar as atividades do laboratório. "Será uma irresponsabilidade de todos nós se ele fechar", afirma.
A cobrança de uma política de apoio ao cinema nacional é comum entre diretores e atores. A atriz Betty Faria, por exemplo, diz que "não adianta chá de caridade, se continuam permitindo essa invasão de filmes americanos de quinta categoria".
Maurice Capovilla defende a instituição de uma alíquota de importação de filmes estrangeiros, para garantir a exibição e a competitividade da produção nacional no mercado.
"Não tem alíquota para remédio, para arroz, para manteiga? Tem que ter alíquota para filme", afirma.

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