São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 1994
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Garotas duronas sofrem no velho oeste

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DE CINEMA

Filme: Quatro Mulheres e um Destino
Produção: EUA, 1994
Direção: Jonathan Kaplan
Elenco: Madeleine Stowe, Mary Stuart Masterson, Drew Barrymore, Andie MacDowell
Onde: Comodoro, Top Cine, Center Iguatemi 2, Ibirapuera 3, Morumbi 5 e circuito

No começo, há um bordel com quatro moças: Madeleine Stowe, Mary Stuart Masterson, Drew Barrymore, Andy MacDowell. Um bordel com essas moças, nem precisaria ser no velho Oeste, deveria tratá-las a pão-de-ló. Não é o que acontece.
Pelo contrário, logo no início Stowe, dita Cody Zamora, saca sua pistola em defesa de uma colega humilhada e ofendida. O tiro é certeiro. Mas, se um homem mata outro homem, é duelo. Se uma mulher, prostituta além do mais, é quem o faz, é assassina, com direito a uma forca rápida.
Cody é salva pelas outras. Seu destino comum está traçado. É um bom ponto de partida: essas quatro mulheres são renegadas ao quadrado. Não apenas bandidas. Seu verdadeiro crime é a sexualidade, sua exposição e eventual comércio.
As situações que se seguem são dignas de um melodrama japonês, em que tudo conspira contra a felicidade e a realização femininas. As quatro garotas rodarão pelo Oeste, ora chicoteadas, ora estupradas, e sempre perseguidas. No entanto, são elas as perigosas. Em suma, Eva e seu pecado original baixam no velho Oeste.
É uma pena que Jonathan Kaplan não seja, nem de longe, um Mizoguchi. Com isso, a condição feminina –no passado como no presente– escoa-se em um mar de facilidades. Ora por excesso de firulas, ora por pura trivialidade, a idéia inicial permanece travada.
O conjunto se enrola em definitivo a partir do momento em que o roteiro –à força de inconsequência– passa a girar em falso. Então, tudo que se tem a dizer termina reduzido a uma série de capturas e resgates de reféns.
Com tudo isso, "Quatro Mulheres e um Destino" é um filme visível, graças à idéia de base e à energia de Stowe e Masterson. Uma nota, por fim, para a música de Jerry Goldsmith: é infernal.

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