São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 1994 |
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EUA confiscam armas de militares haitianos
CLÁUDIO JULIO TOGNOLLI
Ontem completaram-se 46 missões realizadas em terra. A última delas foi a invasão de um complexo de 21 prédios da Academia Militar do Haiti. Sob o comando do coronel John Altenbourough foram confiscados mosquetões, revólveres calibre 38, revólveres semi-automáticos calibre 765 e uns poucos fuzis M-16. Os militares haitianos entregaram as armas num campo de futebol a 200 metros do Aeroporto Internacional de Porto Príncipe. Além do confisco das armas, o coronel Barry Willey anunciou a criação de uma rádio, a exemplo do que aconteceu no Vietnã, para distrair os soldados americanos. Segundo Willey, além dessas medidas o governo dos EUA passaria a oferecer somas de até US$ 1.000 por cada arma devolvida pelos "attachés" –que são como os informantes policiais conhecidos em São Paulo como "gansos" e no Rio de Janeiro como "X-9". O objetivo do desarme é conter a violência. Até ontem, dois haitianos já haviam sido mortos pela polícia nacional sob os olhos de dois comandos de soldados norte-americanos. Há dois dias o comandante-supremo das forcas dos EUA, general Hugh Shelton, havia anunciado que suas tropas "não interviriam em problemas internos do Haiti' Ontem a posição mudou. Willey disse que as tropas estão liberadas para conter a violência. "Os oficiais foram instruídos a fazer, por eles mesmos, o melhor julgamento nas situações particulares. Tudo agora vai depender da decisão tomada no momento". Os Estados Unidos já confiscaram todo o armamento das Forças Armadas haitianas. Eram seis carros blindados V-150, dois barcos de patrulha de 65 pés marca Swift, nove pequenas lanchas Monarch, de 40 pés, seis helicópteros Sikorski, seis aviões Cessna e o único jato de que a aviação haitiana dispunha, um Marchette, confiscado há cinco anos do cartel de Medellín. As operações de guerra estavam concentradas ontem no Cabo Haitiano, a 270 km ao norte de Porto Príncipe. Na capital, grupos de paramédicos começaram a circular pelo centro para montar um sistema de saúde inédito no Haiti. Também ontem soldados dos Estados Unidos invadiram o complexo de açúcar Hasco e o parque industrial do Haiti. Na noite de anteontem, o general Hugh Shelton foi à televisão nacional haitiana. Boné vermelho, uniforme de campanha, Shelton falava do alto de um destróier Mount Whitney. 'Senhores, estamos aqui para ajudar o povo do Haiti na sua libertação para a democracia'. Texto Anterior: Música do novo disco é sensual e dançante Próximo Texto: Vodu protege americanos Índice |
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