São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 1994
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Vodu protege americanos

CLÁUDIO JULIO TOGNOLLI
DO ENVIADO ESPECIAL

Os templos de vodu da favela de Cité Soleil, a maior de Porto Príncipe, estão rufando seus tambores para as tropas dos Estados Unidos.
A reportagem da Folha visitou o templo do bruxo Michel Gantois, bem na hora que por ali passavam as tropas dos EUA.
Gantois diz que colocou a serviço dos soldados norte-americanos os deuses do vodu Avar, prática que abre caminhos.
O vodu fatal, o Petros, foi, segundo Gantois, colocado para derrubar o general Raoul Cedras.
Durante a entrevista, Gantois pulveriza sobre o repórter da Folha o perfume francês Chanel Nº 5, exigindo US$ 20 para que continue a reza.
Enquanto ele fala, sobrevoa seu terreiro um helicóptero Cobra. Naquele momento, ele pega a imagem de um santo católico, parecido com o Santo Antonio de Categeró, e o coloca de ponta-cabeça, ao lado de dois crânios humanos.
"Zobop, Zopop", diz o bruxo, afirmando que está convocando uma entidade do vodu com o objetivo de dar proteção às tropas norte-americanas.
A reza é feita ao lado de uma garrafa de Coca-Cola de um litro. Segundo Michel Gantois, o objeto funciona como uma espécie de ícone da invasão norte-americana ao país.
Michel Gantois diz que os tambores do vodu só trabalharam com as mesmas intenções, nos últimos anos, para três ocasiões: a volta de Jean-Bertrand Aristide, a vitória do Brasil na Copa de 94 e a pacificação do país pelas tropas dos Estados Unidos.
(CJT)

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