São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 1994 |
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Cedras diz que não quer sair do Haiti
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
"A Constituição do Haiti proíbe o exílio. Eu vou ficar na minha terra", disse Cedras. William Gray, assessor especial da Casa Branca para o Haiti, respondeu a Cedras: "O presidente Clinton já deixou muito claro que espera, pelo bem do Haiti e dos próprios membros da junta, que eles deixem o país". Durante meses, os Estados Unidos exigiram que Raoul Cedras, Phillipe Biamby e Michel François fossem exilados. O governo Clinton chegou a lhes oferecer proteção no exílio e acesso a suas contas bancárias congeladas nos Estados Unidos. Argentina, Panamá e Espanha propuseram a eles asilo político. O secretário da Defesa dos EUA, William Perry, chegou a dizer que, se não se exilassem, os três seriam presos pelas tropas norte-americanas de ocupação e entregues ao governo de Jean-Bertrand Aristide para julgamento. Mas no acordo firmado no domingo pelo ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter e o presidente de fato do Haiti, Emile Jonassaint, que evitou a invasão do Haiti, nenhuma referência é feita ao exílio dos três. Tanto Carter quanto Cedras afirmaram que o assunto nem chegou a ser discutido nas 22 horas de reuniões que mantiveram. Ontem, o secretário Perry declarou que os Estados Unidos não forçarão a junta a deixar o seu país. "Eu acredito que quando chegar a hora eles vão sair. Mas nós não exigimos isso deles e não vamos expulsá-los". Embora ainda não tenha feito declaração formal de candidatura, é tido como certo que Cedras, 45, pretende se candidatar à Presidência na eleição do ano que vem. Um dos grandes receios do presidente no exílio Jean-Bertrand Aristide, impedido pela Constituição de concorrer à reeleição, é que Cedras use os dias que lhe restam no poder para ampliar sua base de apoio com vistas à eleição de dezembro de 1995. A mulher de Cedras, Yannick, disse à CBS que concorda "cem por cento" com sua intenção de ficar. O casal tem três filhos. Yannick foi descrita pelo ex-presidente Carter como pessoa de grande influência sobre as decisões do general. Cedras justificou a ação de seus soldados na terça-feira, quando um manifestante pró-Aristide foi morto a cacetadas por eles, mas disse que "todo esforço está sendo feito para que isso não se repita". Texto Anterior: Vodu protege americanos Próximo Texto: Cedras pertence à elite do país Índice |
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