São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 1994 |
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EUA querem saída de general
CLÁUDIO JULIO TOGNOLLI
O convite também foi estendido ao presidente Emile Jonaissaint, na presença do general norte-americano Henry Hugh Shelton. Numa conversa em que os americanos definiram sua invasão como um" programa notável para um Haiti melhor", foi prometido a Cedras que ele e Jonaissaint poderiam voltar ao país "tão logo sua segurança estivesse garantida". Ontem a Embaixada dos Estados Unidos no Haiti anunciou a criação de uma força especial para dar proteção "a líderes populares, figuras iminentes e ao prefeito de Porto Príncipe, Ivan Pauls". O coronel Barry Willey disse à Folha que "há o perigo de que se forme no país núcleos de resistência à pacificação". Os "attachés" até ontem ainda podiam ser vistos nas ruas de Porto Príncipe. Vestem roupas de seda, sapatos de couro reluzentes, correntes de ouro e óculos escuros. À noite, costumam disparar tiros ao alto para causar efervescência. O general Raoul Cedras ainda não explicou ao comando dos Estados Unidos o porquê da fuga do país de seu chefe de polícia, o torturador Michel François –que ainda comanda, mesmo foragido, os "attachés" e a guarda paramilitar dos "tonton macoutes". Outra medida anunciada ontem foi a volta às aulas nas escolas, que devem ser retomadas na próxima segunda-feira. Além da saída de Cedras, do confisco das armas e da volta à normalidade civil, os marines começaram ontem a entrar lentamente na favela de Cité Soleil e na praça principal de Porto Príncipe. Por duas vezes os militares cercaram o palácio de Raoul Cedras para que ele recebesse o general Shelton. Formaram-se nichos de metralhadoras em torno do prédio, enquanto um helicóptero Cobra sobrevoava o local. O sargento John Miles, 45, da Carolina do Norte, foi aplaudido por um grupo de 50 haitianos. A "americanofobia" que vigorava no país até domingo, agora começa a se dissipar. "Pelo menos agora eu posso dormir tranquilo, graças a esta gente que veio nos salvar", disse o vendedor de carvão Jerome Vachoe, 40. Ontem foram suspensos os vôos de aviões C-5 e Galaxy, que transportavam grupos de pára-quedistas, prontos para saltar sobre focos de resistência. Também não se podem mais divisar na praia os porta-aviões Dwight Eisenhower e America, deslocados para operações no Cabo Haitiano. O Haiti parece retornar a uma rotina que, segundo os moradores, não é vista há quatro anos. (CJT) Texto Anterior: Cedras pertence à elite do país Próximo Texto: Capital retorna à normalidade Índice |
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