São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 1994 |
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Dólar entre limites A ampla redução das alíquotas de importação que está atualmente em andamento e a persistência de uma taxa de câmbio valorizada permitem prever importantes mudanças na economia. A tendência de forte crescimento das importações parece inexorável e tem consequências que se propagam para quase todos os setores de atividade. Desde a introdução da nova moeda, o Banco Central vem permitindo que a cotação do dólar oscile segundo as forças de oferta e demanda. A medida provisória que criou o real indica apenas o limite máximo de um real por dólar. Na terça-feira, porém, ao entrar no mercado comprando divisas, o BC sinalizou que pretende impedir que a moeda norte-americana caia abaixo dos 85 centavos de real. Desse modo, segundo a interpretação de analistas, criou-se informalmente uma faixa dentro da qual a taxa de câmbio poderá oscilar sem que as autoridades monetárias intervenham por meio da compra ou venda de dólares. Esse sistema de manter apenas valores máximos e mínimos dá aos agentes econômicos maior segurança na tomada de decisões, ao mesmo tempo em que permite ao mercado trabalhar com razoável liberdade. A oscilação entre R$ 0,85 e R$ 1,00 visa permitir que se estabeleça um equilíbrio entre exportadores e importadores, entre os desejam investir no Brasil ou remeter dólares ao exterior. Só é possível manter esses máximos e mínimos, entretanto, se existirem os fundamentos econômicos que os respaldem. Aliadas ao efeito das exportações, a eventual manutenção de altas taxas de juros e a entrada de investimentos externos pressionam para baixo a cotação do dólar. O estímulo dado às importações através da redução de alíquotas determinada pelo governo tem o efeito contrário. Resta saber se essas alterações tarifárias serão suficientes para contrabalançar a forte tendência atual de entrada de divisas no país. Caso contrário, outras providências se tornarão necessárias. Texto Anterior: Privatizar não é privilégio Próximo Texto: Delenda IPMF Índice |
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