São Paulo, domingo, 1 de janeiro de 1995
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Oposição a novo presidente é pequena

LUCIO VAZ; EUMANO SILVA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Oposição a novo presidente é pequena
Problema do presidente eleito será conciliar interesses dos partidos aliados
O presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso, terá uma oposição inexpressiva numericamente, com pouco mais de cem parlamentares. Sua maior dificuldade no Congresso será conciliar os interesses dos partidos aliados.
A oposição mais definida ficará restrita aos partidos de esquerda, como PT, PC do B e PDT. Mesmo o PSB e o PPS, que apoiaram Luiz Inácio Lula da Silva (PT), admitem até participar do governo.
"A existência de oposição, com partidos não subordinados ao governo, é uma necessidade do processo democrático", afirmou o líder do PT na Câmara, José Fortunati (RS).
O líder do PDT na Câmara, Luiz Salomão (RJ), afirma que o partido vai definir a estratégia de ação numa reunião em Brasília, dias 17 e 18, com a presença do candidato derrotado do partido à Presidência, Leonel Brizola. Mas já está certo que a linha será de oposição.
Na opinião do presidente do PPS, senador eleito Roberto Freire (PE), a oposição somente ficará definida depois que FHC enviar as propostas de reforma ao Congresso.
Freire avalia que haverá uma oposição "pendular", que vai mudar em função do tipo de discussão.
"Se o presidente propuser uma reforma tributária progressiva, por exemplo, a oposição poderá ser da direita", disse.
O PPR promete manter uma posição de independência, analisando cada um dos projetos enviados por FHC ao Congresso. Mas a tendência do partido é aprovar as reformas propostas pelo novo governo.
O vice-presidente nacional do PPR, deputado Delfim Netto (SP), afirma que o PPR é um partido de oposição. E considera isso positivo para FHC: "O governo precisa de oposição para funcionar".
Delfim acrescenta, porém, que o PPR vai analisar os projetos do governo, apresentar sugestões e votar favoravelmente quando concordar com as propostas finais.
Aliados sem cargos
As dificuldades com os aliados começam no relacionamento com os partidos que não receberam ministérios. É o caso do PP e do PL. A qualidade do apoio destes partidos dependerá dos cargos de segundo e terceiro escalões que receberem.
O líder do PL na Câmara, Valdemar Costa Neto (SP), afirma que o partido espera pelos cargos do governo: "Queremos crescer. E, para crescer, temos que participar do poder", diz.
Ele justifica por que o partido precisa dos cargos: "Temos que ter espaço para poder atender aos nossos prefeitos e deputados estaduais. Se não temos nada, vamos oferecer o quê?"
Ainda há risco de focos de oposição mesmo nos partidos que compõem o conselho político de FHC (PSDB, PFL, PMDB e PTB). Nesses partidos, FHC pode perder o apoio de parlamentares insatisfeitos com a distribuição dos cargos federais nos Estados.
O futuro presidente também terá de atender a interesses de parlamentares que se organizam fora dos partidos. O melhor exemplo é a bancada ruralista, que tem membros em todos os partidos e sempre condiciona seus votos ao atendimento de suas reivindicações específicas.

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