São Paulo, domingo, 1 de janeiro de 1995
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Maioria tem esperança no governo FHC

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

Fernando Henrique Cardoso e Fernando Collor de Mello têm algo mais em comum além do prenome idêntico e de alguns ministros: a expectativa de que FHC faça um governo "ótimo/bom" é praticamente a mesma que cercava Collor.
Em março de 1990 (a posse, naquele ano, foi no dia 15 de março), 71% dos brasileiros imaginavam que o governo Collor seria ótimo ou bom.
Hoje (ou, mais exatamente, nos dias 12, 13 e 14 de dezembro), vésperas da posse de Fernando Henrique, são 70% os que esperam do novo presidente um desempenho ótimo ou bom.
Mas a expectativa positiva é temperada por um gota de cautela. Apenas 21% dos pesquisados acreditam que o tucano cumprirá, totalmente, as promessas feitas durante a campanha eleitoral.
A maioria relativa (47%) acha que as promessas serão resgatadas apenas parcialmente. Quase um quarto dos brasileiros (23%) acha que o novo presidente simplesmente não vai cumprir o que prometeu nos palanques.
Tais números surgem de pesquisa feita pelo Datafolha com 14.151 eleitores distribuídos por 403 cidades de todas as unidades da Federação.
A pesquisa mostra que a expectativa de um governo "ótimo/bom" subiu oito pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, feito a 19 de outubro, após a vitória eleitoral do então candidato do PSDB.
Os pessimistas (aqueles que esperam um governo "ruim/péssimo") caíram de 8% para 5%. Também nesse item, há um empate em relação às expectativas sobre o governo Collor (os pessimistas de então eram 4%).
A confiança em FHC é maior entre os mais ricos e os de escolaridade superior. Dos que ganham mais de 10 salários-mínimos, 74% esperam um governo "ótimo/bom", contra 68% entre os que recebem até 5 mínimos.
Números quase idênticos surgem entre os de nível universitário (75% de otimistas) e entre os que fizeram apenas até o 1º grau (69% de "ótimo/bom").
É uniforme o otimismo em todas as quatro regiões em que se dividiu a pesquisa, mas, pela natureza da cidade, há diferenças importantes: nas regiões metropolitanas, os plenamente otimistas são menos (64%) do que no interior (73%).
Por Estados, o campeão nacional da confiança em FHC é Goiás (78%). Os menos entusiasmados são os cariocas: 60% acreditam em um governo "ótimo/bom", dez pontos percentuais abaixo da média nacional.
Como era previsível, os peesedebistas são, entre os simpatizantes de partidos, os mais confiantes. Deles, 82% esperam um governo "ótimo/bom".
Igualmente previsível é o fato de o PT fornecer o maior contingente de pessimistas: 10% dos que se dizem simpatizantes do partido de Luiz Inácio Lula da Silva esperam um governo "ruim/péssimo", quando a média geral dessa qualificação é de apenas 4% ou 2,5 vezes menos.
Mas os eleitores de Enéas Carneiro (Prona) empatam com os petistas em pessimismo. Também são 10% os que acreditam que FHC fará um governo ruim ou péssimo.

A direção do Datafolha é exercida pelos sociólogos Antônio Manuel Teixeira Mendes e Gustavo Venturi, tendo como assistentes Mauro Francisco Paulino, Emilia de Franco e a estatística Renata Nunes César.

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