São Paulo, domingo, 1 de janeiro de 1995
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Reajustes altos podem desequilibrar orçamento

VERA BUENO DE AZEVEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

A perda de poder aquisitivo da classe média após o Plano Real foi parcialmente recuperada por quem teve data-base a partir de agosto. Se o reajuste salarial ocorreu em dezembro, o trabalhador ficou até mesmo com uma "sobra" para gastar ou poupar.
Quem teve data-base antes, entretanto, já deve estar com o orçamento mais apertado. É que, no correr deste ano, irão vencendo os prazos de congelamento dos contratos, de 12 meses a partir da conversão para URV ou real.
Ao mesmo tempo, após o primeiro dissídio na fase do real, os salários só serão corrigidos dentro de 12 meses, por livre negociação.
Já aluguel, escola e plano de saúde, três despesas básicas da classe média, devem ter reajustes elevados e pesar mais no bolso dos consumidores este ano.
Várias escolas particulares de São Paulo, por exemplo, já aumentaram as mensalidades deste mês em 20%, em média.
"A anualidade teve um reajuste médio de 35%, distribuído nos meses de março e dezembro", diz Mauro Bueno, presidente da Aipa (Associação Intermunicipal de Pais e Alunos), baseado em contratos das escolas.
Além disso, em março, data-base dos professores, as mensalidades devem subir mais de 100%.

Aluguel
Quem paga aluguel também deve preparar o bolso para o aumento desta despesa este ano.
Vencendo os 12 meses de congelamento, após a conversão para URV/real ou o último acordo, os valores serão reajustados pelo índice previsto no contrato, acumulado a partir de julho passado.
Além disso, a MP do real permite que o proprietário entre com um pedido judicial de revisão do valor do aluguel a partir deste mês. "Mas cerca de 30% dos contratos foram convertidos pela média, sem acordo", diz José Roberto Graiche, presidente da Aabic (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínio).
Alugar um imóvel novo também significa comprometer um percentual alto de seu orçamento. Segundo Graiche, pesquisa mensal da Aabic indica que os aluguéis iniciais tiveram uma alta de 50% entre julho e novembro passados.

Saúde
Os valores de planos e seguros-saúde estão congelados por 12 meses desde a conversão para URV ou real. Vencido esse prazo, durante este ano, as mensalidades serão reajustadas pelo índice previsto no contrato, acumulado a partir de julho passado.
"Vale lembrar que, além da correção por um índice de preços, como IGP ou IGP-M, os contratos prevêem aumento de acordo com a alta dos custos setoriais (taxas hospitalares, honorários, remédios etc.)", diz Selma do Amaral, chefe do setor de saúde do Procon-SP.

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