São Paulo, domingo, 1 de janeiro de 1995
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Modelo com mais de 15 anos dá sorte a gerente

DENISE CHRISPIM MARIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Parceiras dos executivos, as pastas podem ganhar atribuições nada compatíveis com suas funções naturais.
Toda vez que tem marcada uma rodada importante de negociações, Nilton Bota, 48, vice-presidente comercial da Blue Cards, transfere toda a papelada de sua pasta nova para outra, em estilo escolar e com mais de 15 anos.
A velha pasta foi reformada duas vezes, mas mesmo assim não esconde as marcas do uso e do tempo. Bota, no entanto, acredita que ela lhe dá sorte.
"Fechei grandes negócios carregando essa pasta. Tento escondê-la das vistas do cliente, com vergonha, e às vezes sou obrigado a explicar que é de estimação", diz.
Concebidas para facilitar a rotina dos profissionais, as pastas também podem gerar surpresas desagradáveis. Helvio Valença, 46, gerente da divisão comercial da Elevadores Otis, que o diga.
Há dois anos, ele estreou uma pasta nova, 007 preta com dois segredos, em um seminário para profissionais de vendas da empresa em Santos, no litoral paulista.
No final do evento, tentou abrir a pasta para apanhar documentos e a passagem na ponte aérea para o Rio, onde morava. Não conseguiu.
Valença havia simplesmente esquecido os códigos para abri-la. Precisou pedir a um amigo que comprasse um bilhete e lhe emprestasse dinheiro.
"Até hoje fazem brincadeiras comigo por causa daquela pasta. Nunca mais comprei modelos com segredo."
Perder a pasta ou vê-la surrupiada é um dos maiores temores de quem se acostumou a trazê-la consigo a qualquer hora ou dia.
Obrigado a percorrer a pé as ruas do centro de São Paulo, Wilton Santos, gerente da Xerox, adotou um método para se precaver.
Ele guarda a pasta no porta-malas do carro –que fica em estacionamento– e leva consigo apenas uma das divisórias dela, com o material necessário.
(DCM)

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