São Paulo, domingo, 1 de janeiro de 1995
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O mascate do teatro chegou lá

SÉRGIO DÁVILA

No final de 1992, o teatro em domicílio contava com apenas uma peça. Um ano depois, já eram sete. Há três semanas, quem abrisse os jornais encontraria no mínimo 36 espetáculos que podem ser contratados e encenados em casa. É um sucesso.
Este sucesso tem dono: o ator carioca Raul de Orofino, 33, não por nada o protagonista e autor daquela solitária peça de 1992, "Beijo de Humor", dirigida por Irene Ravache, em cartaz até hoje. "Abri mercado para muita gente", orgulha-se.
Se é difícil dizer quem iniciou a onda –há registros na crônica de eventos semelhantes levados pelo Oficina nos anos 60 e pela atriz Yara Amaral (1936-1988) nos anos 70–, o fato é que Orofino foi o primeiro a ter êxito.
Tanto que acaba de montar "Clarice em Casa", baseado em crônicas que Clarice Lispector (1925-1977) publicou em jornais entre 1967 e 1973. Muito pesado? "Não, eu e Irene revelamos um desconhecido lado humorístico da escritora", diz ele.
Raul de Orofino pisou o palco pela primeira vez aos 4 anos (em "Sonho do Palhacinho"), atua sem interrupção desde os 13 e estreou profissionalmente em 1981. O teatro em domicílio apareceu em sua vida por acaso. Melhor, por necessidade.
Em 1991, sem lugar para montar sua peça, Orofino decidiu se apresentar em residências. Desde então, foram mais de 500 espetáculos, de Teresina (PI) a Passo Fundo (RS), passando até por um avião, iniciativa que valeu reportagem na revista "Time".
"Não volto mais aos palcos convencionais", diz o caixeiro-viajante.

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