São Paulo, segunda-feira, 2 de janeiro de 1995 |
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Transplantes de medula já são 250 por ano no Brasil
JAIRO BOUER
O transplante é o recurso utilizado para salvar os pacientes que não podem contar com a própria medula para produzir os elementos do seu sangue. A medula fica alojada no interior dos ossos. Suas células totipotentes (células-mãe) geram glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas. Frederico Luiz Dulley, chefe da Unidade de Transplante de Medula Óssea do Hospital das Clínicas da USP, explica que a medula pode sofrer um processo conhecido como aplasia e deixar de produzir os elementos do sangue. Segundo Dulley, 70% das aplasias têm causa não definida. As outras 30% podem ser produzidas por antibióticos (como o cloranfenicol), inseticidas organoclorados (usados na lavoura) ou radiações ionizantes. As células-mãe são destruídas e substituídas por tecido gorduroso. A pessoa começa a apresentar sangramentos, manchas pelo corpo, infecções e fraqueza. Um transplante pode fazer com que a medula volte a trabalhar. Dulley explica que o câncer na medula (leucemia) é outra doença que pode determinar a necessidade de um transplante. Algumas linhagens de células começam a se multiplicar de forma desordenada e a medula não consegue produzir a variedade necessária de células sanguíneas. Nesse caso, a pessoa deve ser submetida a um processo de quimioterapia radical para destruir a medula doente. Depois da quimioterapia, o paciente precisa receber uma nova medula que passe a gerar novamente as células. Para receber um transplante, a pessoa deve ter uma compatibilidade genética com o doador. Essa compatibilidade é verificada pelo sistema HLA. Se o sistema HLA não é respeitado, a nova medula passa a "atacar" o organismo logo após o transplante. Em 80% dos transplantes, o paciente recebe a medula de outra pessoa (transplante alogênico). Em geral, um dos irmãos é o doador (em função da compatibilidade do sistema HLA). Há uma chance de cerca de 25% de dois irmãos serem compatíveis. Quando não existe nenhum irmão com o mesmo HLA, a pessoa deve procurar um doador aparentado em um banco de medula. Outra modalidade possível é aquela que a pessoa recebe sua própria medula, o autotransplante. Essa situação acontece no tratamento de alguns tipos de câncer (como o de mama), onde é necessário fazer quimioterapia ou radioterapia durante algum tempo. Como se sabe que a quimioterapia vai levar a uma aplasia, o médico colhe a medula do paciente antes do início do processo e a conserva em geladeira. Após a quimioterapia, as células da medula são devolvidas à circulação e migram para interior dos ossos. Texto Anterior: A piracema fracassada Próximo Texto: Entidade ajuda doentes carentes e seus familiares Índice |
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