São Paulo, segunda-feira, 2 de janeiro de 1995
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Chuva ajudou a vencer, diz a etíope Deratu Tulu

MÁRIO MOREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A chuva foi uma das principais aliadas da etíope Derartu Tulu, 22, em sua vitória na prova feminina de anteontem da São Silvestre. A análise é da própria atleta.
"Desde o começo, vi que poderia ganhar, porque estava quente e chovia. Com isso, o ritmo da prova cairia e eu poderia levar vantagem se aumentasse a velocidade", afirmou, durante a entrevista coletiva após a prova.
"Estou muito feliz, porque foi a primeira vez que participei da São Silvestre e de uma corrida de 15 km", afirmou.
Muito sorridente, Tulu disse ter gostado também do interesse demonstrado pela platéia durante a prova.
A atleta recebeu US$ 10 mil pela vitória. Foi a primeira vez que o prêmio da corrida feminina da São Silvestre se igualou ao da masculina.
A vitória de Tulu começou a se definir na subida da avenida Brigadeiro Luís Antônio (faltando cerca de três quilômetros para o fim da prova).
Naquele ponto, ela conseguiu se distanciar da queniana Helen Kimaiyo (vencedora da prova em 93), a única corredora que ainda conseguia acompanhá-la.
Mostrando maior resistência, a etíope manteve o ritmo da corrida e cruzou a fita de chegada 22 segundos à frente da rival.
No começo, a prova teve a surpreendente liderança da brasileira Solange Cordeiro.
Ela mantinha cerca de 15 metros de vantagem sobre um grupo que incluía Tulu, Kimaiyo, a mexicana Maria del Carmem Díaz, a queniana Catherine Kirui, a italiana Rosa Munerotto, a escocesa Karen McLeod e a brasileira Silvana Pereira.
No viaduto entre as avenidas Rudge e Rio Branco, após nove quilômetros percorridos, Silvana não conseguiu manter o ritmo e foi ultrapassada pelo segundo pelotão.
A partir daí, Tulu, Kimaiyo e Maria del Carmem foram, pouco a pouco, se destacando das demais. Na Rio Branco, a mexicana foi deixada para trás e a decisão ficou entre as duas africanas.
A corredora etíope disse que não se preocupou com a dianteira conseguida por Solange Cordeiro na primeira parte da prova. "Sabia que ela iria se cansar", afirmou.
A também brasileira Carmem de Oliveira –vice-campeã em 85, 90, 92 e 93 e uma das favoritas na prova de sábado– não completou a prova.
Segundo a nova campeã da São Silvestre, sua atenção estava voltada para Helen Kimaiyo e Catherine Kirui, que considerava suas principais competidoras.
Para 1995, o principal objetivo de Derartu Tulu é o Campeonato Mundial de agosto, em Gotemburgo (Suécia), no qual disputará os 10 mil metros. Ela é a atual campeã olímpica da prova.
"Não gosto de correr na chuva. Quando chove, prefiro nem treinar", afirmou.
Kimaiyo disse que, com o uniforme encharcado, sentiu-se muito pesada e cansada no último quilômetro da prova.
"Fiz bastante esforço, mas não consegui acompanhar a velocidade da Derartu Tulu na última subida", afirmou, referindo-se à avenida Brigadeiro Luís Antônio.
Kimaiyo, que se declarou "desapontada" com o resultado da prova, disse que se dedicará agora à preparação para o Campeonato Mundial de cross-country.
A mexicana Maria del Carmem Díaz, ao contrário da atleta queniana, considerou muito bom o seu resultado (terceiro lugar) na São Silvestre.
"Consegui baixar meu tempo e melhorar minha colocação em relação à prova do ano passado", afirmou.
Em 93, ela chegou em quarto, com o tempo de 52min31s. Anteontem, completou o percurso em 51min51s.
A corredora, que venceu a prova em 89, 90 e 92, considerou a prova muito forte, em função da presença de Derartu Tulu e Helen Kimaiyo.
"As africanas têm nível olímpico, acima do meu", admitiu.

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