São Paulo, segunda-feira, 2 de janeiro de 1995
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Corinthians é exceção entre os paulistas

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Jingle bell, adeus ano velho, tudo bem. Mas para que o ano novo seja mesmo feliz é preciso apertar o ritmo. Assim, pois através das brumas da ressaca avista-se logo ali o Campeonato Paulista chegando. E os nossos grandes, até agora, continuam nas celebrações das despedidas dos craques que se foram ou estão indo.
A exceção honrosa é o Corinthians, que foi rápido e preciso: não encerou com Jair Pereira e deu o bote certo, levando de volta para o Parque São Jorge a maior vocação de treinador de futebol dos últimos 10 anos –Mário Sérgio. Na verdade, a atual diretoria corintiana nunca aceitou integralmente o trabalho de Jair Pereira. Lembro-me que, numa mesa redonda do Avallone, fora do ar, Tuma Jr. deixou escapar-me que o elenco corintiano, nas mãos de Mário Sérgio, teria um destino mais glorioso do que o vice.
Ameaçado de perder Sousa, sua maior revelação na temporada e nome certo para substituir Zinho na seleção de Zagalo, logo para o rival Palmeiras, o Corinthians deu uma blitz de fim-de-ano, tipo Teth vietnamita, e garantiu o garoto para os próximos dois anos. Foi além: numa jogada imprevisível, dada à fama de esperteza que cerca os dirigentes tricolores, cooptou Vítor. Jovem, forte, veloz e ousado, Vítor tem tudo para cair nas graças da Fiel. Há que se domar um pouco o temperamento do moço. Mas, nisso, Mário Sérgio é rei. Além do mais, creio que a instabilidade emocional de Vítor no tricolor, nos últimos tempos, era muito mais produto da reserva que curtia do que de seu próprio destempero.
Mário, ainda por cima, promete recuperar Gralak, becão que ele mesmo indicou ao Corinthians antes de deixar o clube na temporada passada. Se o fizer, será um desses milagres de Natal, como o realizado por Telê com Júnior Baiano.
E, por falar em Telê, eis a antítese: o São Paulo, que na gestão anterior notabilizou-se pela rara capacidade de rapidamente recompor seu elenco, com acerto espantoso, hoje derrapa em incertezas. O curioso é que ontem como hoje, no centro das decisões, estão os mesmos Fernando Casal de Rey e Márcio Aranha. Fernando, agora presidente, foi o melhor de todos os diretores-de-futebol do São Paulo, desde o raiar dos anos 80. E, na administração Pimenta, foi, sem dúvida, o responsável pelos maiores êxitos do clube em sua história. Que acontece?
Acontece que, embora tenha seu meio-campo congestionado de bons e ótimos jogadores, o São Paulo segue procurando mais um volante. Tentou Marcelinho Paulista, sem sucesso, para sua sorte. Tentará agora Donizetti. Na mosca, desde que não abra mão de Axel, que, ao contrário do clichê impresso pela imprensa, depois de um começo inseguro, firmou-se como o melhor volante do time.
Por fim, o Palmeiras, que nem sei se fez uma boa troca entre Luxemburgo e Espinosa. Esse super-campeão que precisava apenas de um lateral-direito do porte do resto da equipe, desmontou seu meio-campo e ataque. Para a reposição, até agora, só suposições. De certo, apenas a bala da Parmalat. O que não é pouco, convenhamos.

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