São Paulo, segunda-feira, 2 de janeiro de 1995
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Com os pés no chão

MARCELO BERABA

SÃO PAULO – Fernando Henrique Cardoso dirige desde ontem um país exageradamente otimista.
Isso acontece sempre que três fenômenos suprapartidários coincidem: cerimônia de troca de poder, festas de fim-de-ano e começo do verão.
Quando estes astros se encontram, não há pessimismo que sobreviva. Pesquisas provam que existe generalizada confiança no futuro governo em todo o país. Todo?
Li com paciência uma pilha de pesquisas produzidas pelo Datafolha neste fim-de-ano e descobri um lugar que -felizmente, na minha opinião- não mergulha de cabeça nesta euforia. É o Rio.
Alguns dados. Cariocas e fluminenses foram os mais rigorosos na avaliação dos governadores que saíram. Apenas 13% acharam Nilo Batista ótimo ou bom contra 45% de ruim e péssimo.
O mesmo rigor foi aplicado a Itamar Franco: a média nacional foi de 41% de ótimo/bom e 8% de ruim/péssimo; no Rio, o índice positivo cai para 33% e o negativo sobe para 12%.
Cariocas e fluminenses são também os mais céticos em relação ao novo governador do Estado, Marcello Alencar, e ao novo presidente da República.
Enquanto 70% dos brasileiros acham que o governo FHC será ótimo ou bom, no Rio a taxa dos otimistas cai para 60% (a menor em 12 Estados).
E o Plano Real, uma quase unanimidade nacional? A média de apoio no Brasil é de 79%; no Rio, cai para 67%, também a menor no país.
Enquanto no Brasil como um todo 56% dos pesquisados se consideram beneficiados pelo Plano Real e 18% prejudicados, no Rio estes índices são de 49% e 27%.
Cariocas e fluminenses são ainda os mais rigorosos na avaliação deste Congresso que está em fim de mandato e os menos esperançosos em relação ao que toma posse em fevereiro.
As pesquisas e os fogos mostram que a cidade também está otimista. Mas em grau ligeiramente abaixo do resto do país. Não chega a ser cética. Está com os pés no chão, sintoma de sanidade.

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