São Paulo, segunda-feira, 9 de janeiro de 1995
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O caso Marcelinho e o futuro do Flamengo

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Fico pensando se, por trás da pedida de Marcelinho para renovar seu contrato com o Corinthians, não lateja uma expectativa semeada pelo seu ex-clube, o Flamengo, agora sob nova direção.
Sim, porque ela foge dos padrões convencionais do futebol brasileiro. Ou pelo menos para clubes organizados nos moldes tradicionais, como o Corinthians. A soma de benefícios pretendida pelo jogador é da tal ordem que faz a gente supor que, na verdade, o que ele está buscando é o impasse –aliás, obtido neste fim-de-semana.
A tal ponto que o Corinthians está disposto a deixar que o preço do passe de Marcelinho seja arbitrado pela Federação.
Mas o que tem Kleber Leite, o novo presidente do Flamengo, com isso? Talvez, nada. Mas, conhecendo-o como conheço desde os tempos em que empunhava os microfones das rádios cariocas, posso assegurar que o que não lhe falta é ousadia. Com a experiência bem-sucedida como empresário na área do marketing esportivo, Kleber mete os peitos na construção de um Flamengo poderoso dentro das quatro linhas. Pouco importa se cada jogador, de nível internacional, seja dono de seu passe. Enfim, quase um sócio proprietário do clube. Afinal, se não há grana nos cofres da Gávea, o jeito é atrair os craques, eles mesmos como investidores de si mesmos.
É uma tese que só o futuro dirá se produtiva.
E Marcelinho servindo de bandeja a Romário, Deus do céu.

Dois canhotos, os dois pontas-de-lança, foram as estrelas que iluminaram este cinzento domingo de verão, pela TV. Juntos, marcaram cinco gols. E, coincidência: ambos fizeram o segundo gol de suas respectivas equipes com arrojados peixinhos.
Ravanelli, o Jeff Chandler (saudoso astro de Hollywood dos anos 50, precocemente encanecido) da Juventus de Turim, mais uma vez derrubou sir Lancellotti de seu cavalo branco. No seu primeiro gol, o da virada, Ravanelli, como uma seta, projetou-se entre os pés de dois zagueiros inimigos e tocou de cabeça. Logo depois, meteu um passe de trivela digno de um Baggio, em direção a Vialli, que sofreu pênalti, convertido pelo próprio Ravanelli.
No Pacaembu, Adriano, do Guarani, pouco tocou na bola, mas quando o fez foi para decidir: Guarani 3, Japão 1, três gols de Adriano. O segundo, também de peixinho, só que na base da antecipação.
São lampejos, lances isolados, flashes de um espetáculo, dirão os mais exigentes. Eu diria: são puros reflexos da própria alma do futebol.

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