São Paulo, segunda-feira, 9 de janeiro de 1995
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Mogli vira Indiana Jones em nova versão

DANIELA ROCHA
DE NOVA YORK

Os estúdios Disney radicalizaram. Na sua última produção, "Rudyard Kipling's The Jungle Book" (O Livro da Selva de Rudyard Kipling), do diretor Stephen Sommers, a história do pequeno Mogli foi levada às telas desta vez com animais e selva de verdade.
Nesta nova versão de Mogli, garotinho criado por lobos que vive sob a lei da floresta e convive com outros animais, sua fase de criança é abreviada. O Mogli de "The Jungle Book", interpretado por Jason Scott Lee, cresceu e virou Indiana Jones.
A história começa com a chegada de colonizadores ingleses na selva indiana. Após um ataque do tigre Shere Khan (Bombay), o menino Mogli, guia dos colonizadores, se perde e começa a viver sozinho na floresta.
A apresentação de Mogli-criança aos animais é quase toda feita com montagens e recursos de computação gráfica.
Baghera, a pantera, fareja o rosto do menino. É o único momento em que a montagem é explícita. Em todas as outras cenas, Baghera é "interpretada" por Shadow, uma pantera negra treinada.
Casey, o urso que faz o papel de Baloo, mais parece um urso de circo que nada tem a ver com a floresta.
Após a rápida apresentação da criança, em um passe de mágica surge Mogli-Lee, que se esforça em alguns momentos em fazer expressões parecidas com as dos animais, mas às vezes lembra mais um lutador de kung fu em um filme de aventura na selva.
Mogli se encontra com a filha do chefe dos colonizadores (Lena Headey). Ela o adota, ensina-lhe a falar inglês e a se vestir como gente. A partir daí, o roteiro se fixa no romance impossível dos dois.
Nesse trecho, Mogli tem sua primeira e única crise de identidade. "Não sou humano e não sou animal."
Apesar de algumas cenas de suspense e aventura, o filme não decola. Um dos momentos mais esdrúxulos é quando Mogli entra no reino dos macacos. Parece mais uma cena de realidade virtual, com macacos projetados em um cenário de pedra e Mogli-Lee olhando para o nada de um fundo azul infinito.
O filme parece bem intencionado ao tentar fazer a história "na vida real", mas se perde na sua ambição.
Este Mogli não tem o charme e a magia que a versão dos irmãos Korda imprimiu à história há 50 anos.

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