São Paulo, segunda-feira, 9 de janeiro de 1995
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Salvar vidas

Os doentes de Aids e as pessoas que morreram em consequência da moléstia no mundo já ultrapassam a casa do 1 milhão, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Esse total inclui apenas os casos oficialmente registrados. Como as notificações nem sempre são feitas ou se perdem nos escaninhos de burocracias ineficientes, a OMS crê que o número real de doentes e mortos esteja perto de 4,5 milhões.
Os infectados pelos vírus HIV que ainda não desenvolveram a doença seriam quase 20 milhões.
Como se vê, a pandemia vem-se alastrando rapidamente e previsões da OMS e de outras fontes, como a Universidade de Harvard (EUA), falam em várias dezenas de milhões de infectados até o ano 2000.
Dado que a doença é fatal e, por enquanto, incurável, toda a ênfase da ação das autoridades sanitárias deve colocar-se na prevenção. Nesse ponto o Brasil precisa melhorar.
Pressionado pela Igreja Católica e outros setores conservadores, as campanhas oficiais vinham sendo qualificadas como tímidas por especialistas na área e apenas recentemente começaram a avançar.
E o fato de o perfil epidemiológico da Aids no Brasil ter mudado torna o esclarecimento ainda mais urgente. Há seis anos a doença estava mais ou menos restrita aos chamados grupos de risco. No final de 94, os homossexuais respondiam só por 16% dos novos casos; os heterossexuais, 23%; e os viciados em drogas injetáveis, 31%.
Parte da população, porém, não parece ter-se dado conta da mudança e ainda crê que a Aids é ameaça apenas para homossexuais ou viciados. Nada mais perigoso. Resta esperar que o novo governo saiba resistir às pressões e não poupe esforços para transmitir, com toda clareza, informações que podem salvar muitas vidas.

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