São Paulo, segunda-feira, 9 de janeiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sinal amarelo

MARCELO BERABA

SÃO PAULO – A renda média mensal dos que vivem e trabalham na Grande São Paulo caiu 9% em 94, mesmo com os celebrados ganhos do Real.
A média mensal de renda dos que tinham emprego em 93 era de R$ 551,00. Em 94, caiu para R$ 502,00 por mês. O que dá uma perda anual de quase R$ 600,00. É como se cada paulista desta região perdesse um salário em 94.
E a Grande São Paulo é uma das regiões mais ricas do país. É? Ou já foi? Em 1986, esta renda média mensal equivalia a R$ 1.044,00, mais do que o dobro da de 94.
Estes são dados da Fundação Seade processados pelo gerente de análise socioeconômica, o economista Sinésio Pires Ferreira. Ele tem outros.
Em 93, a Grande São Paulo tinha 6,912 milhões de pessoas empregadas de uma população economicamente ativa de 7,991 milhões. Tinha, portanto, 1,079 milhão de desempregados.
Em 94, 7,102 milhões estavam empregados de uma população economicamente ativa de 8,182 milhões. O número de desempregados (1,080 milhão), portanto, não diminuiu.
Isso significa que a região gerou cerca de 200 mil novos empregos em um ano mas não conseguiu baixar o desemprego. Para efeito de comparação, em 85 e 86 eram gerados cerca de 400 mil novos empregos por ano.
A economia de São Paulo voltou a crescer em 1994. Mas não conseguiu baixar o desemprego e nem fazer crescer os salários.
O que os números não mostram, mas a experiência dos técnicos da Seade percebem: mudou o perfil dos desempregados. Até o final da década de 80 eram principalmente mulheres e crianças. Agora, são homens adultos, os chamados chefes de família.
Os efeitos deste modelo cruel –crescimento econômico sem emprego e sem renda– são visualmente percebidos na miséria que cresce nas ruas e em algumas outras estatísticas.
Os homicídios aumentaram 35% na cidade de São Paulo em 94 em comparação com 93; assim como aumentaram roubos e furtos de veículos (17,7%) e de cargas (14,2%).

Texto Anterior: Salvar vidas
Próximo Texto: Os novos revolucionários
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.