São Paulo, terça-feira, 10 de janeiro de 1995 |
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Divas brilham em 'Boccaccio'
JOSÉ GERALDO COUTO
"Boccaccio 70" (SBT, 2h15) é uma das mais representativas. Três episódios, três divas, sob a direção de três gênios. O "Decameron" de Boccaccio é só um eco longínquo nesta obra que traz a marca de seu tempo, sobretudo a redefinição do lugar da mulher na sociedade italiana e mundial. Romy Schneider, sob a batuta de Visconti, é a burguesa insatisfeita que tenta virar prostituta para vingar-se do marido. Alguém consegue imaginar uma meretriz com aquela cara e aquela classe? É justamente desse descompasso que Visconti tira a graça do filme. No episódio de De Sica, Sophia Loren é o cobiçado (e põe cobiçado nisso) prêmio de um concurso numa barraca de feira. Mas o ponto alto do conjunto é o segmento de Fellini, em que a voluptuosa Anita Ekberg aparece oferecendo os seios num outdoor de leite bem em frente à janela de um padre (Peppino de Filippo). O pobre homem passa a ser vítima de fantasias lacto-eróticas com a loiraça, sob o som do jingle "Beba mais leite, o leite faz bem". Dando rédea solta a seus delírios (Anita aparece gitantesca, com seios do tamanho de casas), Fellini constrói uma obra-prima do erotismo nos tempos da publicidade. Leite pode até não fazer assim tão bem, mas os filmes de Fellini com certeza fazem. (JGC) Texto Anterior: Que bomba! TV engata uma ré-prise! Próximo Texto: Selo Paulus aposta em clássicos brasileiros Índice |
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