São Paulo, sábado, 14 de janeiro de 1995
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Intervenção no Produban sai quarta-feira

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

O Banco Central informou ontem que a intervenção sobre o Produban, banco estadual de Alagoas, e uma outra instituição estadual está adiada de segunda para a próxima quarta-feira.
A outra instituição não é revelada pelo BC, mas a Folha apurou que se trata de um banco da região Centro-Oeste. Este banco e o Produban passarão a ser administrados pelo BC, a exemplo de Banespa e Banerj.
O motivo do adiamento foi a viagem do presidente do BC, Pérsio Arida, 42, a Washington. Segundo o governo, a viagem de Arida tem caráter pessoal e deverá terminar na terça-feira.
A documentação para a intervenção nos dois bancos já está pronta. Até os conselhos que administrarão as instituições estão escolhidos pelo Banco Central.
O presidente interino do BC, Francisco Lopes, 48, quer que a medida seja tomada por Arida.
Segundo assessores da equipe econômica, o governo quer capitalizar as intervenções como um sinal de que os bancos estaduais serão tratados com austeridade. A medida deverá ser anunciada em conjunto por Arida e pelo ministro da Fazenda, Pedro Malan.
Tanto o governador de Alagoas, Divaldo Suruagy (PMDB), como o do outro Estado a ter seu banco administrado pelo BC negociaram a medida com o governo federal. Os dois bancos estão, até o momento, sem diretoria nomeada.
Para os governadores, a atuação do BC evita o desgaste político de promover o saneamento dos bancos, com fechamento de agências e demissão de funcionários.
No Produban, por exemplo, pelo menos quatro das 28 agências deverão ser fechadas. Não há ainda avaliação de quantos funcionários serão demitidos. O banco tem 1.056 empregados e dívida de R$ 23 milhões junto ao BC.
O Produban já esteve sob administração do BC entre 1989 e 1991, após ser liquidado em 1988. Há três anos o banco foi entregue à administração estadual de Geraldo Bulhões, aliado do governo Collor.
Suruagy disse ontem que recebeu telefonema de Alkimar Moura, diretor de Política Monetária do Banco Central, confirmando a intervenção.
Foi o próprio governo de Alagoas quem pediu a intervenção no Produban. Durante toda a semana o governador trabalhou para que o BC acelerasse a ação.
Desde o início do Plano Real, em julho, o Produban sofre uma crise de "descredito", segundo José Pereira, secretário de Fazenda do Estado.
"Quanto mais rápida for a intervenção melhor será para a credibilidade do Produban. Não há credibilidade que resista a tantos meses de ameaças", afirmou Pereira.
A hipótese de intervenção já provocou saques de R$ 80 milhões, segundo Pereira.
O Produban tem patrimônio avaliado em R$ 140 milhões e dívidas que estão sendo roladas pelo BC desde julho de R$ 40 milhões.
Segundo o secretário, o banco está em situação melhor do que se encontravam o Banerj e o Banespa, em dezembro, quando o BC interveio nas duas instituições.
Antes mesmo de tomar posse, Suruagy pediu tratamento semelhante ao de Banespa e Banerj.
Como a situação financeira do Estado não permite o saneamento do Produban, Suruagy acha que transferindo a responsabilidade para o BC, Produban pode resurgir com maior credibilidade.

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