São Paulo, sábado, 14 de janeiro de 1995
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Laboratório cria 'empurroterapia'

GILBERTO DIMENSTEIN; ALEXANDRE SECCO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O secretário da Vigilância Sanitária, Elisaldo Carlini, acusou em entrevista à Folha as farmácias de facilitarem o consumo de medicamentos inadequados.
Motivo: muitos estabelecimentos não contam com farmacêuticos, capazes de orientar o paciente. É muito comum, segundo Carlini, as farmácias aceitarem ofertas vantajosas de laboratórios para que vendam remédios de baixa qualidade.
A lei obriga que cada estabelecimento tenha uma farmacêutico responsável, o que, segundo ele, muito vezes só "está no papel". Segundo Carlini, a Vigilância Sanitária vai intensificar o cumprimento da norma.
Um mesmo farmacêutico trabalha em vários locais ao mesmo tempo, emprestando o nome, de acordo com as informações que chegam à Vigilância Sanitária.
O resultado é que o consumidor está mais exposto a remédios de baixa qualidade, por falta de orientação. Existe no Brasil, segundo Carlini, esquemas clandestinos entre farmácias e laboratórios, criando o que chama de "empurroterapia".
O laboratório, segundo Carlini, oferece vantagens: quem adquire seu medicamento, ganha uma cota grátis, aumentando os lucros da farmácia.
Portanto, o laboratório "empurra" o produto para o vendedor e o vendedor "empurra" ao consumidor.
"Se houvesse mais farmacêuticos, esse processo seria coibido", afirma o secretário da Vigilância Sanitária. Ele cita o exemplo dos Estados Unidos, onde é anunciado o horário em que o consumidor pode se encontrar com o farmacêutico.

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