São Paulo, sábado, 14 de janeiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Chuva prejudica safra de feijão e eleva preço

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

O feijão é o único produto agrícola que está sendo prejudicado pelas fortes chuvas que atingem o Centro-Sul do país.
O efeito das chuvas já chegou no mercado. Nos últimos dez dias, o preço da saca (60 quilos) recebido pelo produtor em Chapecó, oeste de Santa Catarina, subiu de R$ 21 para R$ 26.
Na Bolsa de Cereais de São Paulo (BCSP), a cotação da saca foi de R$ 36,50 para R$ 39,50.
As chuvas afetam a produção porque o feijão está em plena época de colheita, ao contrário do milho, da soja e do arroz.
Neste caso, o tempo quente e úmido favorece a planta que está em desenvolvimento. Por isso, os técnicos das cooperativas estão revendo para cima as estimativas de produtividade.
Na região de Itapetininga, 170 km a oeste de São Paulo, importante na produção de feijão, calcula-se que cerca de 40% da safra tenha sido afetada, segundo a Delegacia Agrícola local. Desde 1º de janeiro até ontem, choveu 200 milímetros, quase o índice pluviométrico de um mês.
A perspectiva inicial era a de que os oito municípios da região colhessem 143,2 mil sacas (60 quilos) de feijão. "O grão está brotando no pé por causa do excesso de chuvas", diz João da Silva Jr., delegado agrícola interino.
Em Chapecó (SC), o quadro é semelhante. Segundo a Cooperativa Regional Alfa, as chuvas prejudicaram cerca de 10% da safra de um milhão de sacas (60 quilos) de feijão.
Francisco Simioni, técnico da Secretaria da Agricultura do Estado do Paraná, confirma que a safra das águas de feijão, estimada entre 430.000 e 460.000 toneladas, tenha sido afetada. Ele só não sabe mensurar o tamanho do prejuízo.
"Para o milho, a soja e as pastagens, as chuvas têm sido benéficas", diz Simioni. Desde de 1º de janeiro, choveu em média 250 milímetros no Estado. Em dez dias, trata-se do maior índice pluviométrico registrado em janeiro na última década.
O Rio Grande do Sul e o Mato Grosso do Sul são outros dois Estados que comemoram o tempo quente e úmido. "Teremos rendimentos melhores em função das chuvas", prevê Valdir Bisotto, agrônomo da Fecotrigo (Federação das Cooperativas de Trigo e Soja do Rio Grande do Sul).
Nas contas da Fecotrigo, as produtividades obtidas na safra 1993/94, de 1.709 quilos por hectare para a soja e de 2.760 quilos por hectare para o milho, devem ser superadas neste ano.
Nedy Rodrigues Borges, vice-presidente da Organização das Cooperativas do Mato Grosso do Sul, faz a mesma previsão para a safra do seu Estado, onde choveu entre 200 e 400 milímetros de 28 de dezembro até ontem.

Texto Anterior: Margem é insuficiente, diz Pão de Açúcar
Próximo Texto: Couromoda negocia mais que o esperado
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.