São Paulo, sábado, 14 de janeiro de 1995
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Menem cria fundo de US$ 1 bi para bancos

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

O presidente Carlos Menem criou ontem um fundo especial de US$ 1 bilhão para socorrer bancos que não conseguem pagar seus compromissos financeiros. É um esforço de evitar a falência de vários bancos argentinos por falta de crédito.
Todas as medidas adotadas anteriormente pelo governo não foram suficientes para evitar uma crise generalizada de falta de liquidez- disponibilidade de moeda corrente ou posse de papéis rapidamente conversíveis em dinheiro.
Menem decidiu que um banco estatal (Bice) vai gerenciar um fundo de US$ 1 bilhão para socorrer bancos com problemas. A Associação Argentina de Bancos negociou com o Banco Central a formação desse fundo.
Segundo a Folha apurou, os principais bancos argentinos temem que ocorra uma falência de pequenas e médias instituições nas próximas duas semanas.
Teme-se que aconteça no país o mesmo que se passou em 94 na Venezuela, obrigando o governo a intervir também com uma linha de socorro financeiro.
O Ministério da Economia informou ontem que os recursos do fundo seriam compostos mediante um nova redução de 2% nos depósitos compulsórios junto ao Banco Central.
Operação
Para que o fundo comece a operar na próxima semana, o Bice terá que tomar empréstimos no exterior entre US$ 200 milhões a US$ 300 milhões.
Para socorrer os bancos das dificuldades de liquidez, o Bice comprará a carteira de crédito das instituições financeiras em dificuldades.
A crise argentina tem origem na queda da cotação de ações e papéis do Tesouro argentino desde o início da crise econômica mexicana, gerando perda nos fundos de aplicação dos bancos.
Um dia após a adoção das medidas do Banco Central que iniciou a dolarização completa do sistema financeiro, o mercado reagiu de modo positivo. A Bolsa de Valores de Buenos Aires registrou uma alta de 5,9%.
O mercado de ações registrou ontem um aumento da presença de operadores estrangeiros que mostraram interesse em comprar papéis argentinos. A tendência altista registrada nos últimos dias mostra que o principal índice da Bolsa de Valores de Buenos Aires acumula alta de 22%, considerando os três últimos pregões.
A redução do recolhimento compulsório sobre os depósitos à vista e a prazo feito pelas instituições junto ao Banco Central deu resultado.
Ao injetar mais de US$ 700 milhões no mercado, o Banco Central conseguiu reduzir as taxas de juros das operações interbancárias. Os bancos de primeira linha tiveram acesso a linhas de crédito com taxas de juros anuais em torno de 7%.
No início da semana, essas taxas chegaram a 30%. Para os bancos de segunda linha, as taxas de juros alcançaram a média de 10% ao ano.
Antes de definir criar o fundo de US$ 1 bilhão, o ministro da Economia, Domingo Cavallo, já havia colocado os bancos estatais Nácion e Provincia de Buenos Aires para auxiliar as instituições em insolvência.
Mas antes disso, cinco bancos privados (Río, Francés, Galicia, Citibank e Crédito Argentino) criaram por conta própria uma linha de US$ 200 milhões para tentar reduzir a falta de liquidez entre os bancos de segunda linha.

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