São Paulo, sábado, 14 de janeiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Selo de música erudita dobra produção

IRINEU FRANCO PERPETUO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Um selo brasileiro vai dobrar sua produção de música erudita neste ano. O L'Art Produções Artísticas, do Rio de Janeiro, pretende lançar 15 discos no mercado brasileiro neste ano.
O L'Art existe desde 1982 e se dedica exclusivamente à música erudita interpretada por artistas brasileiros. Na era do vinil, por exemplo, o selo lançou 18 títulos do pianista Arthur Moreira Lima –todos, atualmente, esgotados.
Há três anos, a gravadora passou a trabalhar com CDs. Quinze títulos foram lançados desde então, incluindo artistas como o violonista Sebastião Tapajós, a mezzo-soprano holandesa Ruth Frenck e os pianistas Nelson Freire, Moura Castro e Fábio Luz.
Entre os 15 CDs que devem ser lançados em 95, quatro vão sair em março: "Estudos", de Chopin, com o pianista Fernando Lopes; "Música Russa" (incluindo estudos de Skriábin e "Quadros de uma Exposição", de Mussorgski), com Fábio Luz; "Visões do Nordeste" (a música nordestina desde o século 17 até hoje), com Sebastião Tapajós; e "À La Recherche Du Temps" (música de Mendelssohn, Tchaikovski, Liszt e Brahms descrevendo as estações do ano), com Moura Castro.
O plano mais ambicioso da gravadora é um disco com a Filarmônica de São Petersburgo, que deve ser feito neste ano em parceria com a rádio russa.
O repertório deve incluir "Noites no Jardim de Espanha", de De Falla, "Momoprecoce", de Villa-Lobos, e "Variações Sobre um Tema de Paganini", de Rachmaninov. O solista será Luiz Carlos de Moura Castro, pianista brasileiro radicado nos EUA.
Os projetos para 95 incluem ainda as sonatas para celo e piano de Brahms com Moura Castro e o celista brasiliense Guerra Vicente, chorinhos de Abel Ferreira e uma homenagem aos 70 anos da pianista Yara Bernette.
Outro álbum prevista deve resumir os 400 anos de história da r. do Ouvidor (Rio), em forma musical. O repertório inclui de Padre José Maurício a Ernesto Nazareth, passando por Chiquinha Gonzaga, Pixinguinha e Villa-Lobos.
A produção
Os discos da L'Art custam, para o consumidor final, R$ 8, contra até R$ 18 de outros selos. A estratégia para conseguir preços mais baixos começa na embalagem.
Em vez das tradicionais caixinhas de plástico, são utilizadas caixas de papelão. Isto torna os CDs 66% mais leves, o que barateia o frete.
Além disso, os discos, embora gravados no Brasil, são produzidos no exterior. "Por aqui, uma empresa grande como a Sony me cobraria, por um lote de cem discos, R$ 2,30 a unidade e mais R$ 1.700 pela masterização. Nos EUA, é possível pagar US$ 0,87 por disco com a masterização incluída", afirma Lauro Henrique Alves Pinto, dono da L'Art.
A gravadora também possui um esquema de distribuição de seus discos fora do Brasil. A L'Art tem parceria com os selos alemães Tropical, GeHeTon e WGA, além do suíço DLS.
"Ficamos conhecidos lá fora, e alguns artistas estrangeiros já nos procuraram para gravar", diz Alves Pinto. Entre eles, destacam-se o flautista italiano Antonmario Semolini e o violonista iugoslavo Dusan Bogdanovic.

Texto Anterior: 'Contatos...' celebra fantasia
Próximo Texto: Tom é plantado à sombra de sua sumaúma
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.