São Paulo, sábado, 14 de janeiro de 1995
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O inventário paulista

CLÓVIS ROSSI

SÃO PAULO – O governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), reúne na segunda-feira todo o seu secretariado para o que pretende ser uma espécie de superinventário da situação encontrada pelo novo governo.
Cada uma dos secretários dirá como encontrou a sua pasta e como recuperá-la. Mas não parece haver grandes ilusões de que, a curto prazo, São Paulo saia de "uma economia de guerra", para usar expressão ouvida ontem por esta Folha junto ao secretariado covista.
Covas, ao se candidatar, já sabia que, vitorioso, herdaria o que ele próprio definiu, à época, como um "abacaxi". Só não sabia o tamanho exato dele.
Da evolução dos números negros, dão uma idéia os cálculos do secretário da Fazenda, Yoshiaki Nakano, a respeito das dívidas do Estado, relativas a custeio da máquina e pagamentos em geral, que deixaram de ser saldadas.
O primeiro número que Nakano encontrou foi de R$ 100 milhões. O segundo número já era mais de cinco vezes superior (R$ 597 milhões). De pulo em pulo, chegou à pilha de R$ 1,7 bilhão.
Consequência: no primeiro trimestre deste ano, o governo já decidiu que só vai gastar a metade do que estava previsto para cada rubrica do Orçamento. É a tal economia de guerra, de resto já anunciada, em parte, ao longo dos primeiros dias de gestão: corte de obras, não pagamento aos empreiteiros, devolução dos funcionários do Baneser etc.
O inventário a ser feito na segunda-feira fecha o círculo e tem uma vantagem: vai permitir conferir os dados a serem fornecidos pelo governo com avaliações independentes, de forma a saber o quanto há de verdade neles e o quanto há de choradeira habitual sempre que um candidato de oposição passa a ocupar o palácio do governo.
Por enquanto, o ambiente em São Paulo está retratado em frase, meio séria, meio brincadeira, do secretário de Ciência e Tecnologia, Emerson Kapaz: "Se o Francisco Rossi tivesse ganho, fechava o Estado para balanço e não abria nunca mais".

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