São Paulo, sábado, 14 de janeiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A mulher educadora da paz

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Com este título, o papa João Paulo 2º publicou sua mensagem para o Dia Mundial da Paz. Seu apelo constante pela paz no mundo volta-se, agora, cheio de confiança, para a mulher, na certeza de que ela tem uma especial missão na construção da paz. Educar para a paz significa formar para a verdade, a justiça, o amor e a liberdade.
A mensagem para o ano de 1995 convoca as mulheres, pedindo-lhes que se tornem mensageiras e mestras de paz na família, na vida dos povos e, particularmente, nas zonas de conflito e guerra.
Homens e mulheres devem construir juntos a paz, numa relação de profunda comunhão. Cabe, no entanto, à mulher conhecer e assumir sua tarefa própria e insubstituível.
Para educar para a paz, a mulher precisa cultivá-la em si mesma, sabendo que é amada por Deus e chamada a responder ao seu amor. A consciência de sua dignidade pessoal permitirá enfrentar as situações de desrespeito e discriminações a que, tantas vezes, foi submetida, mesmo na mais tenra idade.
O primeiro dever para as mulheres será o de ajudar as outras mulheres a descobrir e alcançar a consciência plena de sua dignidade, recorrendo, quanto possível, a associações e movimentos.
É na educação dos filhos que a mulher manifesta seu papel primordial. A segurança e a confiança do filho nascem do amor dos pais que podem, desde cedo, orientar para Deus a vida da criança. Quem melhor do que a mãe para orientar o coração do filho? É, no próprio lar, que a criança é chamada a aprender o amor à verdade e à justiça, a liberdade responsável, a estima e respeito pelo outro, abrindo-se, pouco a pouco, para o dom de si no próximo. A família torna-se, assim, a primeira escola de paz. Quando as crises abalam o equilíbrio familiar não pode faltar o apoio dos amigos, das comunidades religiosas e das organizações sociais.
Diante do hábito pernicioso de discriminar meninos e meninas, marginalizando a mulher, é necessária a atuação dos que a reintegram na própria dignidade. Nesse sentido, lembra o papa o apostolado das congregações religiosas que se dedicam à educação das meninas. Outro aspecto importante é o reconhecimento do papel público das mulheres, assegurando sua presença na vida social, econômica e política. No Brasil, temos hoje governadora, senadoras e deputadas.
Infelizmente, ainda é muito forte a violência contra as mulheres e até contra as crianças. Desrespeita-se o indiscutível direito à vida no seio materno. Insiste o santo padre no respeito à dignidade da mulher e no dever que todos temos de nos empenharmos pela promoção da dignidade do ser humano e pelo exercício de seus direitos. A próxima conferência das Nações Unidas, em Pequim, neste ano, poderá contribuir muito para isso.
A mensagem termina louvando Maria, rainha da paz, que cumpriu, com amor e responsabilidade, o projeto de Jesus Cristo para uma vida nova e para a construção de uma sociedade fraterna, marcada pela justiça, amor e paz.
Recordemos, neste momento, a vida de tantas mulheres que, com sua atuação amorosa e exemplos de paciência, coragem e lucidez, no escondimento do lar ou na generosidade da consagração religiosa, imitam a Virgem Maria, vencendo o mal com o bem e abrindo, na terra brasileira, sulcos de esperança.

D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

Texto Anterior: O novo Brasil
Próximo Texto: A quebra da inércia medrosa
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.