São Paulo, segunda-feira, 16 de janeiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Déficit pode superar US$ 1 bi em dezembro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As últimas estimativas do governo apontam para um déficit na balança comercial em dezembro –podendo superar US$ 1 bilhão, muito acima dos US$ 47 milhões inicialmente divulgados pelo governo.
O valor das importações ocorridas em dezembro ainda não foi repassado pela Receita Federal ao Ministério da Indústria, Comércio e Turismo. Mas as projeções indicam que estas operações ficaram próximas de US$ 5 bilhões.
As exportações somaram, no mesmo período, US$ 3,727 bilhões. O saldo é a diferença entre importações e exportações.
Em dezembro, foram autorizadas importações no valor de US$ 7,6 bilhões. O montante realizado é sempre inferior ao autorizado, ficando entre 60% e 65%.
Em novembro, por exemplo, foram autorizados US$ 6 bi em importações, enquanto US$ 3,9 bilhões se realizaram.
Por este raciocínio, as importações realizadas em dezembro ficariam em torno dos US$ 4,7 bilhões.
A este montante deve ser somado o valor das importações autorizadas pelo Correio. Estimativas do governo indicam que o volume destas operações possam ter atingido os US$ 300 milhões em dezembro.
Importações feitas por Pessoa Física não necessitam de guias específicas –como aquelas emitidas para empresas importadoras. O governo levará, portanto, mais tempo para consolidar esta parcela do volume de comércio exterior.
O aumento das importações foi estimulado pelo governo, em dezembro, para evitar falta de produtos no mercado interno e consequente aumento de preços.
Em outubro, o governo refreou as exportações e passou a cobrar um depósito compulsório de 15% sobre as operações de ACC (Adiantamento de Contratos de Crédito).
A medida neutralizou ganhos financeiros que, segundo o setor exportador, aumentam a competitividade dos produtos nacionais.
O governo já reverteu algumas destas regras, como as importações pelo Correio –que voltam a pagar alíquotas mais altas este mês– e retirou a cobrança do compulsório sobre operações de ACC.
Em novembro, o déficit da balança comercial foi de US$ 262 milhões. O governo argumenta que se tratou de saldo negativo circunstancial, já que apenas a importação de turbina, partes e peças de turbina para a hidrelétrica de Furnas custaram US$ 300 milhões.
Se se confirmar que as importações atingiram cerca de US$ 5 bilhões em dezembro, o volume destas operações terá dobrado nos três últimos meses do ano.
O déficit de US$ 47 milhões em dezembro, anunciado em 5 de janeiro, é o resultado de um erro grosseiro na estimativa dos técnicos do MICT.
Para atender ao pedido da ministra Dorothéa Werneck, 46, que assumia a pasta, técnicos subtraíram do valor estimado para as importações no ano, o valor das importações realizadas entre janeiro e outubro.
O problema é que as estimativas iniciais não levavam em consideração o aumento das importações confirmado no final de dezembro pelo movimento de câmbio contratado (que registrou um déficit de US$ 499 milhões) e pelas autorizações de importação.
O movimento da balança comercial é acompanhado pelo governo através de sistema informatizado, que por enquanto funciona apenas para exportações (Siscomex).
As importações ainda são controladas pela Receita Federal nas fronteiras. Por isso são necessários cerca de 15 dias, depois do fechamento do mês, para que a Receita consolide o número e repasse para o MICT.

LEIA MAIS
Sobre balança comercial na coluna de LUÍS NASSIF à pág. 2-3

Texto Anterior: Revista diz que empresário intermediou verba secreta
Próximo Texto: Exportador teme manipulação
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.