São Paulo, domingo, 22 de janeiro de 1995
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Há 2 tipos de aposentadoria

JOSIAS DE SOUZA ; GILBERTO DIMENSTEIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Há dois tipos básicos de planos de aposentadoria.
O primeiro deles é chamado de "benefício definido".
Esse sistema prevê que, ao ingressar no fundo, o contribuinte já sabe qual será a sua aposentadoria no futuro, independentemente da eficiência com que os recursos são geridos.
A ocorrência de eventuais furos de caixa é coberta pela empresa patrocinadora do fundo, no caso do setor público, as empresas estatais.
O outro tipo de plano de aposentadoria é chamado de "contribuição definida".
Com esse plano, o valor da aposentadoria está condicionado à rentabilidade do fundo.
Havendo dificuldades de caixa ou as contribuições são aumentadas ou o valor da pensão é diminuído.
A maior parte das estatais opta pelo primeiro modelo, do "benefício definido".
Com isso, seus empregados têm assegurada uma aposentadoria privilegiada –chega a 70% do salário que recebiam quando eram trabalhadores da ativa.
O mesmo não ocorre com os milhões de brasileiros obrigados a se contentar com a aposentadoria paga pela Previdência Social.
Hoje limitada a dez salários mínimos, a maior contribuição da Previdência Social deve cair para cinco salários mínimos se forem aprovadas as propostas do governo federal de reforma da Constituição.
O governo quer forçar os fundos públicos de pensão a adotar o sistema de "contribuição definida", condicionando as aposentadorias à eficiência na gestão das contribuições.

Boas intenções
As boas intenções, porém, não oferecem a segurança de que o quadro será alterado.
Uma decisão do TST (Tribunal Superior do Trabalho) considera que, ao ingressar em determinado fundo, o contribuinte adquire direitos que não podem ser alterados.
Naquela ocasião, alguns fundos estatais, entre eles o Funcef, da Caixa Econômica Federal, tiveram prejuízos no rastro do escândalo que envolveu o megaespeculador Nagi Nahas.
Desde então denunciam-se desvios gerenciais dos fundos, sem que o governo tenha conseguido pôr fim ao problema.
(Josias de Souza e Gilberto Dimenstein)

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