São Paulo, domingo, 22 de janeiro de 1995
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"Milagre" deixou obras fantasmas na rodovia

ABNOR GONDIM
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RURÓPOLIS E BRASIL NOVO

Duas suítes presidenciais, cada uma com 120 metros quadrados, são algumas das marcas deixadas ao longo da Transamazônica pelo gigantismo da época do "milagre brasileiro", na década de 70.
As suítes foram construídas, em 1972, no Hotel Presidente Médici, em Rurópolis, só para receber por um dia o próprio homenageado e o seu sucessor, o general Ernesto Geisel, na época presidente da Petrobrás.
"As suítes presidenciais agora são uma atração para os turistas estrangeiros que vêm conhecer a rodovia", afirma o vereador Antônio Variani (PMDB), 40.
Há 18 meses, ele reabriu o hotel, erguido no meio da selva e abandonado pelo governo federal, com 24 apartamentos e mais quatro suítes não-presidenciais.
O hotel de Rurópolis, pelo menos, foi reformado pela prefeitura local, ao contrário do que ocorreu com hotel semelhante construído em Brasil Novo, no km 45 da Transamazônica.
Um incêndio destruiu o hotel abandonado, e, hoje, nem cinzas mais restam no local à margem da rodovia para lembrar a passagem do ex-presidente Médici.
O desperdício da pressa na construção da rodovia deixou marcas também em Jacareacanga, onde o muro do humilde estádio de futebol foi cercado por placas de bueiros de ferro deixados pelas empreiteiras.
Lá também está suja e abandonada uma praça construída, em 1974, para a inauguração da rodovia. Até a placa comemorativa da inauguração desapareceu.
"Só restou a lembrança das reclamações das autoridades contra os ataques dos piuns (insetos cujas picadas provocam coceiras na pele)", lembra o prefeito Raulien Queiroz.
(AG)

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