São Paulo, domingo, 22 de janeiro de 1995
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Vida corre entre cobras e aviões

ABNOR GONDIM
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

O capixaba Waldemar Lauer, 46, estranhou a vida na selva, no início de 1990, quando chegou a Uruará (PA) para dirigir o Instituto Adventista Transamazônico Agroindustrial e se deparou com uma cobra jibóia perto da escola.
Hoje, ele não só sabe que as jibóias não têm veneno, como mantém duas pequenas cobras dessa espécie em seu gabinete. Carinhosamente, elas foram batizadas de Margareth e Margarida.
Mas, na maioria das vezes, o relacionamento dos moradores da Transamazônica com os animais da selva é agressivo.
No último dia 15, o secretário municipal de Jacareacanga, Álvaro Queiroz, matou a tiros de espingarda uma águia para proteger as galinhas de seu quintal.
"Os fiscais do Ibama nunca mataram um gavião porque nunca criaram galinhas", disse o secretário. A realidade da região impõe a intimidade com cobras, mas também com aviões.
A maioria das 300 crianças com menos de dez anos em Jacareacanga (sudoeste do Pará) nunca viajou de ônibus.
"Eles só conhecem ônibus pela televisão, mas quase todos já viram um avião de perto por causa dos vêm dos garimpos", afirma Erlan Rego, 8, um dos poucos meninos que já saiu da cidade e andou de ônibus.
(AG)

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