São Paulo, domingo, 22 de janeiro de 1995
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Apesar de promessa, obra não é prioridade

CARI RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Transamazônica está fora das prioridades do Ministério dos Transportes no Orçamento da União deste ano, apesar de o presidente Fernando Henrique Cardoso, ter prometido retomar as obras.
O orçamento do Ministério dos Transportes, antes dos cortes, era de R$ 3 bilhões. No DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem), R$ 17 milhões estavam destinados para a rodovia. Isto representa 0,56% do orçamento.
Boa parte desses R$ 17 milhões seriam usados na substituição de pontes. A maioria é de madeira.
As metas serão revistas depois dos cortes. A recuperação da malha rodoviária nas vias de grande tráfego estão em primeiro lugar na lista de necessidades.
Existem muitos problemas no setor de transportes e poucos recursos. Na sexta-feira passada, o DNER (Departamento Nacional de Estradas e Rodagem) ainda fazia contas para definir prioridades.
A proposta de construção e pavimentação de alguns trechos ainda este ano será reavaliada e é bem provável que a Transamazônica entre nos planos do governo somente em 1996.
As estradas federais são apenas uma parte do problema dentro do ministério. É necessário pavimentar 1,3 mil quilômetros da malha nacional, incluindo trechos de municípios e Estados.
A RFFSA (Rede Ferroviária Federal S.A.) tem uma dívida de US$ 2 bilhões, e 30% das locomotivas estão paradas por falta de dinheiro para comprar peças de reposição. O Lloyd Brasileiro foi devolvido ao Ministério dos Transportes pela comissão de privatizaçcão porque não foi encontrado um comprador.
Resultado: o Lloyd continua consumindo verbas do Fundo da Marinha Mercante, mesmo com as atividades paralisadas e 800 funcionários na folha de pagamento.
O Ministério dos Transportes tem ainda de arranjar uma solução para os funcionários das empresas extintas no governo Fernando Collor, como Portobrás e EBTU (Empresa Brasileira de Transportes Urbanos).
São aproximadamente 900 empregados anistiados. O ministério tem hoje um total de 700 funcionários.
Os R$ 17 milhões inialmente reservados à Transamazônica dariam para fazer, no máximo, obras de recuperação. Não existem recursos para fazer a pavimentação no trecho da Transamazônica dentro da floresta, conforme apurou a Folha.
Até agora, a Transamazônica foi pavimentada no trecho de Cabedelo, na Paraíba, até Floriano, no Piauí, e de Balsas, no Maranhão, até Estreiro, na divisa deste Estado com Tocantins.

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