São Paulo, domingo, 22 de janeiro de 1995
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"A Pequena Menininha"

MARCELO LEITE

Uma seção do jornal que tem tudo para se tornar campeã de reclamações de leitores é A Pequena Menininha, quadrinhos publicados no caderno infantil Folhinha. Só a edição de anteontem do suplemento trazia seis cartas malhando o desenho de autoria de A. Pinto.
Para que não me acusem de fazer média com os leitores, aviso que já na estréia, em 2 de dezembro, declinei na crítica interna meu desgosto com a seção. Não apenas com o traço pobre, cuja única característica notável são olhos esbugalhados em tamanhos diferentes, mas com o conteúdo predominantemente violento.
O autor deve ter convivido com uma irmã particularmente sádico-dominadora, porque sua criaturinha é de lascar. Em seus momentos mais inspirados, esborracha gatos na parede e pisoteia bebezinhos. Mecânica e metodicamente, sem a menor graça.
Sou avesso a qualquer forma de censura. Como escrevi anteontem na crítica da edição, não creio que irmãs maiores vão sair por aí espancando irmãos-bebês só por causa desses rabiscos (algumas delas já fazem isso mesmo sem estímulo), mas também não acho que o desenho sequer se aproxime de uma expressão elaborada das pulsões destrutivas com que cada criança tem de se haver.
No que depender dos leitores que se manifestaram, A Pequena Menininha pode crescer, casar e mudar. Não vai fazer a menor falta.

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