São Paulo, domingo, 22 de janeiro de 1995
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Restringir importações

DEMIAN FIOCCA

É grande a possibilidade de que o setor externo volte a impor sérios constrangimentos às economias da América Latina.
Caso os EUA não aprovem a bilionária ajuda que prometeram é quase certo que o México não será capaz de honrar os compromissos de sua dívida externa. Nessas circunstâncias é grande o risco de que também a dolarização argentina fracasse, levando consigo não só a estabilidade monetária como a saúde financeira de boa parte de seus bancos e empresas.
O mais provável é que o auxílio se concretize às custas do petróleo mexicano. Nesse caso, a estabilização argentina dependerá da reversão na tendência de déficit comercial crescente.
No Brasil, é provável que a balança comercial se deteriore mais rápido do que diz acreditar o governo. Se se estabelecer aqui uma tendência similar à do México e Argentina, restringir seletivamente as importações (de carros de luxo, por exemplo) pode ser a melhor maneira de sair dessa rota desastrosa.
Fortes estímulos às exportações implicam em pesados gastos e, assim, contrariam o ajuste fiscal. Desvalorizar o câmbio pressiona a inflação.
A eventual revisão de acordos internacionais ainda é um preço muito mais baixo do que o fracasso da estabilização.

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